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O Sete d'Abril

14 nov 2017

Artigo arquivado em Hemeroteca
e marcado com as tags Dom Pedro I, Liberalismo, Período Regencial, Rio de Janeiro

Lançado na Corte brasileira em 1º de janeiro de 1833, com o Período Regencial em vigor no Brasil, por conta da abdicação de Dom Pedro I dois anos atrás, O Sete d’Abril foi um jornal de linha liberal moderada, dirigido e redigido por Francisco do Rego Barros Beberibe. Tendo por fim “defender a Constituição Politica do Brasil e os Direitos do Imperador e Senhor D. Pedro II”, o periódico vinha a lume não só comemorando o fim do Primeiro Reinado, ocorrido a sete de abril de 1831, como destacando beneficamente os tempos vindouros para a nação. Tendo, segundo o historiador Nelson Werneck Sodré, orientação direta do estadista Bernardo Pereira de Vasconcellos, suas edições mediam inicialmente 21 x 16 cm, sendo publicadas primeiro às terças-feiras e aos sábados e a partir de janeiro de 1839 diariamente, sempre pela Typographia Americana de I. P. da Costa – situada primeiro no nº 160 da Rua Detraz do Hospício, depois no nº 118 da Rua do Hospício e no nº 4 da Rua da Candelária. Sua circulação se deu até sua 718ª edição, de 20 de março de 1839, momento em que o Período Regencial dava mostras de que acabaria.

No texto de abertura de seu nº 1, O Sete d’Abril dava o tom da linha política que seria mantida em suas edições, pelos anos seguintes: de manutenção da Regência, com o abafamento das revoltas que eclodiriam na nação até a aclamação de D. Pedro II, e conforme os interesses de Bernardo Pereira de Vasconcellos. Dando graças à subida de Diogo Antônio Feijó ao Ministério após a abdicação de Pedro I, o texto revelava que o periódico considerava os grupos políticos liberais moderados e exaltados “patriotas mais ou menos insofridos”, ao passo em que aos “anarquistas” e "caramurus", os últimos sendo os conservadores que desejavam a restauração do monarca, seria dispensado um tratamento como o de “escravos que carecem de rigor para conter-se”. O texto começava da seguinte forma:

O dia Sete de Abril de 1831, em que a Providência concedeu a este Imperio, mais um favor, dando ao mundo o expetaculo de uma revoluçam, de que o seu maior successo – a abdicaçam – nam custou à Naçam, uma víctima, uma só gota de sangue, um só tiro; se limitou em suas consequencias, de tantas à dezejar, à esse único filho do acaso, como se essa fosse a maior carência da Naçam, ou como se ella tivesse de castigar os insultos que sofreu em Novembro de 1823, e em Março de 1831, unicamente na pessoa do entam Imperador. Como se esse infeliz D. Pedro fosse o único inimigo dos Brazileiros, e das liberdades, e nam ouvessem tantos sevandijas, que ainda agora à custa dos cofres da Naçam sustentam fausto, e a grandeza, que os faz olhar as desgraças públicas com indiferença, ou com o sorrizo da maldade com que as causaram.


Apesar de dar mostras de que consideraria as facções liberais moderadas e exaltadas como companheiras de trincheira, O Sete d’Abril, desde sua primeira edição, já criticava o grupo exaltado. Destacadamente, o periódico de Rego Barros Beberibe travou na imprensa inúmeros embates com O Republico, do liberal Borges da Fonseca.

Ao passo em que em seus primeiros momentos O Sete d’Abril publicava majoritariamente opiniões a respeito dos desdobramentos da política nacional, em suas edições mais tardias procurava dar atenção a informes do interesse das classes comercial, agrícola e industrial. Seu rigor governista, em seus últimos momentos, era acentuado também pela constante publicação de artigos, correspondências e anúncios oficiais, que começaram a aparecer com maior frequência em 1836.

Fontes:

- Acervo: edições do nº 1, de 1º de janeiro de 1833, ao nº 718, de 20 de março de 1839.

- SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.