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Recreio do Bello-Sexo – Modas, Litteratura, Bellas-Artes e Theatro

07 abr 2015

Artigo arquivado em Hemeroteca

Recreio do Bello-Sexo aparece no Segundo Reinado, período de expansão da imprensa feminina no Brasil. Na origem desse movimento, que se estenderá até os primeiros anos do século XX, estava a vinda da família real para o Brasil, em 1808, fato histórico que vai provocar uma mudança radical nos costumes da população feminina, como revela Dulcília Schroeder Buitoni:

A existência da corte passou a influir na vida da mulher do Rio de Janeiro, exigindo-lhe mais participação. O Rio estava deixando o seu caráter provinciano para ser uma capital em contato com o mundo. Dentro deste contexto, a moda assume grande importância para a mulher que morava nas cidades. As tendências européias eram copiadas, e aí entra o fator imprensa, primeiro com a importação de figurinos vindos de fora, depois com a publicação, aqui, de jornais e revistas que reproduzem as gravuras de moda. A necessidade estava criada, havia portanto um mercado.

Publicações como Recreio do Bello-Sexo, segundo sugere o próprio título, em nada se assemelhavam, no conteúdo, aos periódicos que iriam surgir nas primeiras décadas do século XX para divulgar reivindicações feministas, como o direito de as mulheres votarem e serem votadas. Em geral tratavam de assuntos amenos e, além disso, filtrados pela ótica masculina, já que as redações naquela época eram compostas por homens e eles é que decidiam, sem consultá-las, quais assuntos que poderiam agradar às leitoras.

Com quatro páginas e formato pequeno, Recreio do Bello-Sexo expunha as principais novidades do vestuário e da cultura, com a programação das casas de espetáculos e aspectos da vida galante e da nobreza do Velho Mundo. Levando-se em conta o conteúdo da única edição disponível no acervo da Biblioteca Nacional (Ano V, nº 3, de 17 de janeiro de 1856), a publicação se resumia a duas seções apenas, intituladas “Modas” e “Revista de Paris”.

Fontes

1. BUITONI, Dulcília Schroeder. Mulher de papel: a representação da mulher pela imprensa feminina brasileira. 2ª ed. São Paulo: Editora Summus, 2009.

2. MORAIS, Maria Arisnete Câmara de. Leituras de mulheres no século XIX. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.