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Apresentação

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Apresentação

Sigmund Freud, no pungente ensaio “Considerações atuais sobre a guerra e a morte”, foi um dos melhores intérpretes dos significados da carnificina de 1914-1918: os Estados Nacionais, tidos como esteios do processo civilizador, apresentam-se agora (1915) como detentores do monopólio da injustiça. O que proíbem a seus súditos, praticam de forma legal nos campos de batalha.

A Grande Guerra de 1914 foi o evento matricial do século XX. Suas consequências não decorrem, de modo didático, de suas “causas”, quaisquer que elas sejam. Os efeitos da guerra não foram antecipados por quaisquer de seus protagonistas.

O grande historiador A. J. Taylor, que muito escreveu sobre a Grande Guerra, certa feita disse que quanto mais lia e pesquisava sobre ela, mais se tornava incapaz de explicar como começou. Os exércitos iniciaram a matança em agosto de 1914, certos de que todos estariam em casa para o natal. O resultado foi a ruína geopolítica de três impérios – russo, austro-húngaro e otomano; a reconfiguração dos Bálcãs; a tutela sobre a Alemanha; a primeira fissura no isolacionismo norte-americano; o início da debacle colonial inglesa. Não parece ser pouco.


Renato Lessa
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL