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Além do Sítio

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Além do Sítio


Monteiro Lobato, Editor

Iniciada em 1808 com a chegada da corte portuguesa, que impulsionou a instalação de tipografias no Brasil, a atividade editorial brasileira contou com poucos nomes relevantes até a primeira década do século XX. Na maior parte, os editores eram franceses, como os irmãos Garnier e os irmãos Laemmert, ou portugueses, como Francisco Alves; a exceção foi Francisco de Paula Brito, editor da revista Marmota Fluminense. A produção concentrava-se principalmente em torno de jornais e revistas, enquanto os livros eram quase sempre impressos no exterior.

Monteiro Lobato iniciou sua carreira literária pelos jornais, mas, ainda em 1918, apareceu como editor da Revista do Brasil, que logo passou a publicar livros. Entre os primeiros autores, Godofredo Rangel, Martim Francisco, Paulo Setúbal e Lima Barreto, de quem Lobato publicou Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá. Rebatizada como Monteiro Lobato & Cia., a editora investiu em maquinário e tipografia, apostou em novos autores e em tiragens maiores, e, ainda, resolveu em grande parte o problema da distribuição ao propor a comerciantes de todo o Brasil que passassem também a vender livros.

Em 1925, a gráfica da editora em São Paulo ocupava um galpão de 5.000 m2, tendo lançado mais de quinhentos títulos de autores brasileiros. As circunstâncias econômicas a levaram à falência, mas Lobato continuou no ramo ao fundar, com Octalles Marcondes, a Cia. Editora Nacional, da qual foi sócio até 1931. Por fim, já em 1944, seria um dos fundadores da Editora Brasiliense, juntamente com Caio Prado Jr., Artur Neves e o casal Leandro e Maria José Dupré.

Por suas inovações, que deram novo fôlego à indústria e alavancaram a distribuição, a atuação de Monteiro Lobato é tida como um divisor de águas na história do livro no Brasil.



O autor além das fronteiras do Sítio

Além dos livros do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato escreveu vários outros, bem como artigos em periódicos. Suas primeiras publicações, a partir de novembro de 1914, foram no jornal O Estado de S. Paulo: uma série de artigos tratando dos problemas da vida no campo. Neles, pela primeira vez, foi mencionado o personagem Jeca Tatu, que também apareceria em Urupês, livro de estreia de Lobato, lançado em 1918. Outras publicações literárias foram os livros Cidades Mortas (1919) e Negrinha (1920).

Os escritos de Monteiro Lobato sobre arte, política e economia foram publicados em jornais e em livros como O escândalo do petróleo, lançado em 1936, no âmbito de uma disputa em torno da exploração petrolífera – Lobato foi um dos pioneiros em nosso país, tendo sido um dos fundadores da Cia. Petróleos do Brasil, entre outras empresas. Já América (1930) traduzia sua admiração pelo desenvolvimento industrial dos Estados Unidos, que gostaria de ver reproduzido no Brasil.

Por fim, além de escritor, editor e empresário, Monteiro Lobato atuou também como tradutor, tendo vertido para o Português, entre outras, obras de Jack London, Rudyard Kipling e Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan.