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CICLO IV: Dante e os escritores brasileiros

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CICLO IV: Dante e os escritores brasileiros


Muitos escritores brasileiros foram contaminados pela obra dantesca, e, a partir desse contágio, escreveram poemas que são, ao mesmo tempo, um misto de criação e tradução, como é o caso de Carlos Drummond de Andrade, com A Máquina do Mundo, e de Haroldo de Campos, com A Máquina do Mundo Repensada, como ele mesmo ressalta: “A Máquina do Mundo Repensada é um poema escrito em tercinas decassilábicas e rimadas à maneira dantesca, no qual dialogo com Camões, com Dante e com A Máquina do Mundo, de Drummond”. A mostra ainda traz um caso de leitura-criação-tradução interessantíssimo: Dom Pedro II e suas traduções do Episódio do Conde Ugolino e Episódio de Francesca da Rimini, que compõem seu caderno de sonetos.


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ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. Tradução “em prosa moderna” de Hernâni Donato. São Paulo: Cultrix, 1996.
A edição traz notas biográficas e notas referentes aos fatos e figuras históricas presentes no poema, além de um índice explicativo de todos os cantos. O escritor e tradutor Hernâni Donato destaca que o objetivo de sua tradução era “tornar Dante mais facilmente compreensível ao leitor comum. Isso, com um esforço especial no sentido de não sacrificar aquele inexplicável intraduzível que existe na poesia da Comédia”.

ALIGHIERI, Dante. Inferno. Tradução de Jorge Wanderley; prefácio e preparação de originais de Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: Record, 2004.
O tradutor pretendia traduzir toda a obra, mas seu projeto teve fim em 1999, ano de seu falecimento. Marco Lucchesi, no prefácio, ressalta que “a tradução de Jorge Wanderley (...) contou com uma secreta musa. Ou talvez com o anjo, de Benjamin, ao recriar cada partícula em prosa ou verso do Reino das Sombras. Jorge celebrou sua paixão absoluta pelo texto literário”.

ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. Tradução e prefácio de Vasco Graça Moura. São Paulo: Landmark, 2011.
Edição bilíngue. No prefácio, Traduzir Dante: uma aproximação, o tradutor afirma que “traduzir La Divina Commedia implica (...) propor para a respectiva tradução um estatuto que não ultrapassa o da aproximação consistente”, pois “trabalhar com os materiais da língua de acolhimento e forçá-la até ao limite de suas possibilidades” é, ao mesmo tempo, ter a consciência de “correr os riscos do arcaísmo e da contemporaneidade”. A edição foi publicada primeiramente em Portugal, em 2005, pela Bertrand Editora.

ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. Tradução, introdução e notas de Cristiano Martins. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2006.
A edição traz o prefácio, A vida atribulada de Dante Alighieri, escrito pelo tradutor, cujo percurso oferece ao leitor uma série de informações sobre a formação do poeta, bem como suas experiências no campo da literatura e da política. A edição conta também com 136 desenhos de Gustave Doré.

MUSSAPI, Roberto. A Divina Comédia. Recontada por Roberto Mussapi, traduzida por Luís Camargo e ilustrada por Giorgio Bacchin. São Paulo: FTD, 2009.
A edição faz parte da Coleção “Mestres da Literatura Universal”, cujas publicações são adaptações voltadas a um público juvenil.

ALIGHIERI, Dante. Traduções do “Purgatório”. Tradutora Henriqueta Lisboa. São Paulo: Instituto Cultural Italo-Brasileiro. Caderno n. 7, 1969.
A edição contou com a colaboração da Sociedade Civil “Colégio Dante Alighieri” de São Paulo. Henriqueta Lisboa (1901-1985) dedicou suas traduções a Edoardo Bizzarri, “mestre e amigo em Dante”, que naquele momento era diretor do Instituto Cultural Italo-Brasileiro. Na nota introdutória, Henriqueta escreve que “O Purgatório é a casa do Poeta. Sei que também o Inferno, com seus embates de paixão. E o paraíso também, com seus êxtases. Mas diz e repete meu coração que o Purgatório é a casa natural do Poeta”. A edição traz a tradução dos Cantos I, II, VIII, IX, X, XI, XVII, XXVII, XXVIII, XXIX.

ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. Tradução, comentários e notas de Italo Eugenio Mauro; prefácio de Otto Maria Carpeaux. Edição de bolso integral. São Paulo: Editora 34, 2009.

DEUS, João de. Campos de flores: poesias líricas completas. Biblioteca Iniciação Literária. Porto: Lello & Irmão Editores, 1981.
Uma das Odes e Canções que compõem o livro é dedicada a Beatriz, assim como há também uma “versão e imitação” do episódio de Francesca de Rimini, além de outras duas intituladas O beijo e Francesca, inspiradas no poema de Dante.

CORDEIRO, J. Montenegro. Dante e Beatriz. Rio de Janeiro: Garnier, 1921.
Montenegro Cordeiro doa a edição à Biblioteca Nacional, em 1921, no momento da comemoração ao sexto centenário de Dante. O jornal Correio da Manhã publicou, em 15 de setembro de 1921, um artigo sobre a comemoração no Rio de Janeiro do sexto centenário, no qual lemos: “Revestiu-se de grande brilhantismo o festival realizado no Gabinete Portuguez de Leitura em homenagem ao sexto centenário do incomparável poeta florentino. [...] Completou a parte literária do festival o dr. Montenegro Cordeiro. [...] Dante e Beatriz veio consolidar sua reputação de poeta-pensador, no dizer de Augusto Lima, Dante e Beatriz é um trabalho de fôlego.”

FILHO, Mello Moraes. Cantos do Equador. Rio de Janeiro; Paris: Garnier, 1881.
A edição traz um estudo de Xavier Marques e introdução de Sylvio Romero. Um dos cantos se chama A barca do Dante, poema em 8 oitavas dedicado ao escritor Machado de Assis.

CAMPOS, Haroldo de. A máquina do mundo repensada. Cotia/São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.
O poema de Haroldo de Campos, como ele mesmo comenta em nota “envolve um diálogo entre (sobretudo) três textos: Dante, Commedia (inferno, I, 1-60), no original e na recriação de Augusto de Campos; Purgatorio, XXIX, 106-120; XXX, 22-27; 55-81; Paradiso, XXXIII, no original e em minha transcriação; Camões, Os Lusíadas (V, 37-60; X 76-118); Drummond (A máquina do mundo)”.

PEDRO II, Dom. Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Wassman, Reis & CIA, 1932.
A edição traz um prefácio de Medeiros e Albuquerque e está divida em: originais, traduções e sonetos do exílio. Na seção Traduções, encontram-se duas versões do Episódio do Conde Ugolino e do Episódio de Francesca da Rimini, traduções da Divina Comedia de Dante.

PEREZ, Amador. Desenho feito a partir de A ilha dos mortos de Arnold Böcklin, 1986. Grafite sobre papel.
A percepção histórica de Dante adquire no Brasil uma versão atual através do imaginário estético de Amador Perez. O desenho arqueológico do artista, ao recuperar a pintura de Arnold Böcklin, constrói uma paisagem onírica existencial, onde o impensável vazio representa a contemporânea concepção da morte. Na visão da barca de Dante que adentra o território dos mortos são transpostos os imaginários e os fantasmas do mundo atual. Essa leitura torna-se possível a partir do perfeito domínio da técnica gráfica que transmite o conjunto de valores elaborados por Amador Perez.