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Historiador

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Historiador

Dentre os cânones da historiografia brasileira, Caio Prado Junior ocupa sem dúvida um lugar de destaque. Autor de originalidade indiscutível, introduziu noções e aportes teóricos que marcariam a produção historiográfica nacional por décadas, e que até hoje continuam como referência para muitos. A adaptação de conceitos marxistas para a realidade brasileira, e a compreensão de nossa posição periférica e dependente num sistema de economia mundial capitalista, antecipam alguns pontos de um relevante debate dentro do meio acadêmico internacional.

Pela ótica da inserção de um país colonial dentro do sistema global de trocas mercantis – e as escolhas que daí foram tomadas – Caio Prado enxerga um sentido subjacente à nossa formação: existimos unicamente para o exterior. Talvez esse ponto seja ao mesmo tempo sua maior contribuição e a sua maior falha de interpretação. Falha, no sentido de atribuir uma importância apenas secundária à dinâmica e às demandas internas do período colonial, algo já salientado por muitos.

Não satisfeito com as interpretações marxistas de sua época e muito menos com as leituras tradicionais, Caio Prado tenta se desfazer dos dogmatismos da esquerda e se afastar das interpretações naturalistas, baseadas no clima e na raça, e das crônicas sobre personagens históricos. Embora adote posições que hoje podem soar preconceituosas em relação à miscigenação e à contribuição de escravos e índios para nossa formação, ele foi, sem dúvida, pioneiro em utilizar fatores econômicos e sociais para a interpretação do Brasil.

Em suma, como todo clássico, sua obra indica novos caminhos, restabelecendo paradigmas, ao mesmo tempo que se abre para sua própria superação.