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Canudos

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Canudos


ARRAIAL DE CANUDOS

No coração de um vale no sertão da Bahia, a 700 quilômetros de Salvador, Antônio Conselheiro fundou em 1893 a “cidade santa” para a morada de seus fiéis seguidores. O sítio escolhido, localizado entre os rios Vaza-barris e Itapicuru, cercado por colinas escarpadas, oferecia uma defesa natural ao assentamento. O nome era Belo Monte, mas o lugar também era conhecido por Canudos, possivelmente uma alusão a uma espécie de cachimbo de barro usado pelos sertanejos.

Em apenas dois anos, o vilarejo tornou-se muito populoso, chegando a contar com, aproximadamente, 25.000 a 35.000 habitantes e 5.200 residências. Eram sertanejos pobres e iletrados atraídos pelas pregações espirituais e também pela prosperidade da vila regida pelo trabalho coletivo, livre de impostos e das leis do coronelismo. No entanto, para ali, também fluíram famílias com algumas posses que buscavam se integrar ao desenvolvimento de Canudos.

No povoado, havia reservatórios de água, escolas, armazéns e igrejas. Além da agricultura de subsistência e da criação de gado, em Canudos o comércio era livre e dinâmico. Entretanto, os preceitos morais e religiosos, que ditavam o comportamento da população, eram severos.

O Arraial de Canudos era densamente ocupado com pequenos casebres de taipa cobertos com galhos da vegetal local. Raras eram as casas com telhados. Cortando as pequenas vias tortuosas, havia uma rua principal que atravessava a comunidade. Além da topografia da região, a desordem do traçado urbano foi fator decisivo para sua resistência.

Em 1968, a região foi alagada pela construção do açude Cocorobó, que represou o rio Vaza-barris, inundando o sítio do Arraial de Canudos. Entretanto, em tempo de seca prolongada, partes das ruínas da vila arrasada emergem como um testemunho vivo da História.


Canudos, memória

Quando o sitio do arraial de Canudos foi inundado pelas águas do açude Cocorobó, a memória do povoado foi novamente arrasada.

A guerra de Canudos e sua trajetória de sangue, fogo e degola marcaram a história republicana. Entretanto, as ruínas deste passado ressurgem em vestígios materiais e nas evocações do parque erguido como memorial.

Na aspereza da paisagem e na escassez dos meios, o sertão de Canudos permanece como assombração de uma tragédia latente.