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Introdução

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Introdução

Em 27 de novembro de 1807, Sua Majestade Fidelíssima, a Rainha Dona Maria I de Portugal, seu filho, o Príncipe Regente D. João, juntamente com o restante da família real, embarcavam no cais de Belém para a América portuguesa. Tinha início a diáspora da Corte lusa com milhares de pessoas partindo da Metrópole para a Colônia, de Lisboa para o Rio de Janeiro e, com ela, ocorreria a gênese da construção do Reino do Brasil.

Diante da invasão francesa, o Novo Mundo tornara-se para esta dinastia europeia seu último recurso na conservação de seu trono: os Bragança partiam para reinar em sua nova capital do além-mar, seguindo e unindo sua fortuna ao Brasil. Uma aventura na qual seriam acompanhados de mais de 10 mil cortesãos, além dos 60 mil livros, mapas e gravuras da Biblioteca Real. Ao atravessarem o Atlântico, traziam a Metrópole para a Colônia e fundavam a primeira monarquia europeia do Hemisfério Sul.

Esta exposição é sobre os dez anos que transformaram a principal colônia portuguesa no centro de seu império, cujos costumes, leis e paisagens seriam inexoravelmente mudados. Primeiro em Salvador, na Bahia, depois no Rio de Janeiro, D. João, como “Próspero” – o soberano mágico exilado n’A Tempestade, última peça de Shakespeare vagamente inspirada na França Antártica – iria usar de seus poderes absolutos para, com o verbo de seus decretos e alvarás reais, criar e revelar um admirável mundo novo a partir do verão de 1808. Além de declarar guerra à França, de seu verbo surgiriam o Banco do Brasil, a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a Biblioteca Real, atual Biblioteca Nacional, as reais academias dos Guardas Marinhas e Militar, e a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.

JULIO BANDEIRA
Curador da Exposição