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NARCISA EMÍLIA O’LEARY DE ANDRADA E SILVA

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NARCISA EMÍLIA O’LEARY DE ANDRADA E SILVA

 

Narcisa Emília O’Leary nasceu por volta de 1770, em Cork. Órfã, foi levada pela tia Isabel para Lisboa. Casou-se, em 31 de janeiro de 1790, com o bacharel José Bonifácio de Andrada e Silva, nascido na Vila de Santos. O casal teve duas filhas: Carlota Emília e Gabriela Frederica.

José Bonifácio, com bolsa de Portugal, viajou dez anos por vários países europeus, acumulando saberes científicos. Narcisa Emília acompanhou-o em algumas viagens e, em cartas, lamentava a ausência do marido, chamando-o “meu querido Andrada”.

Vieram para Santos, Narcisa Emília, Gabriela Frederica (casada), a filha solteira, Carlota Emília, e Narcisa Cândida (fora do casamento), bem aceita pela esposa. No sítio dos Outeirinhos viveram felizes. Em saraus, Narcisa cantava com bela voz de contralto, ao som de guitarra. Era bonita, morena, de cabelos presos, usava joias com pérolas. Gostava de música, ler, escrever e cantar.

A família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde José Bonifácio, nomeado Ministro, articulou o processo da independência. Narcisa brilhou na alta sociedade. Maria Graham, inglesa, escreveu: “sua mulher é de origem irlandesa, uma O’Leary, senhora da maior amabilidade e gentileza”. José Bonifácio declarou que tinha “uma amável e virtuosa companheira”, comparou-a com “uma fresca rosa matutina”, mas que não tinha “nervos robustos”. Quando foi preso por motivos políticos, Bonifácio recebeu cama e roupas levadas por Narcisa.

Desterrados para Bordéus, França, viviam de empréstimos. Narcisa cuidava do lar e da Narcisinha. Depois de quase seis anos, puderam retornar ao Brasil.

A bordo do Fênix, dois dias antes de chegar ao Rio, Narcisa morreu repentinamente, com quase 60 anos. O Patriarca fez o enterro no Convento do Carmo, em 27 de agosto de 1829. O casamento durou 39 anos.

Narcisa Emília O’Leary de Andrada e Silva tolerou as traições do marido, conservando a harmonia do lar. Irlandesa culta, acompanhou a vida turbulenta do “meu querido Andrada”.

Mulher de valor!