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Mutt, Jeff & Cia

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Fisionomias dos Bairros: Copacabana

"Praias inteiras que se alongam, que se espreguiçam...

(...) Automóveis se sucedem velozes. Alguns, de vagar, como que arrependidos de terem rodas, salientam o brilho irrepreensível de seus metais, de seu "chauffeur" e de seus sonhos.

(...) Na successão dos palacetes, em uma luxuosa cinematografia, Copacabana pouco revela da vida. Os hábitos são modernos e a existência é confortável. Ali, tudo se deita tarde e mais tarde ainda acorda. Costumes europeus. Almoço a uma hora e jantar às oito. Chá às cinco. Criados de casaca e "maitres d'hotel" de suíssas. Muitos "abat-jours" e um sem número de almofadas. Quadros de mestres nas paredes altas. Tapetes de preço. "Aubussons" espalhados. Banheiros colossais e cômodos, ladrilhados de branco, como para um banheiro de virgem. Salas que são salões, saletas que são salas. Muita claridade pelas janelas largas, muita luz jorrando dos lustres. O luxo ao lado da higiene. Os palacetes se assemelham, as fortunas se assemelham, os habitantes se assemelham.

(...) Ás oito horas, a scena varia, para ser exatamente a mesma do vizinho.

(...) No dia seguinte, a vida recomeça... As praias extensas, as areias limpas, como que preparadas para a elegante actividade de seus elegantes moradores. Os palacetes brancos. O mar impecável. E, se, por acaso, ao longe, muito ao longe, há de quando em quando a manchinha humilde e esfarrapada de um casebre agarrando-se em ruínas aos costados dos morros, se algum garoto passa e pede esmola, se há gente com cara de fome olhando para as ondas, - tudo se dissipa, a alegria renasce, o luxo retoma o seu bairro, apenas pelo grito autoritário de alguma buzina que previne aos mortais, que lá vem um automóvel de muitas lanternas, com grandes lanternas e com um imenso farol!..." Págs. 213-218.