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José Bonifácio: Roteiro Histórico-Sentimental

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D. Anna Bemvinda, uma santista precursora da Abolição

A participação das mulheres nos movimentos cívicos, em São Paulo, ainda precisa ser mais conhecida. Este é um resumo da vida de uma abolicionista: D. Anna Bemvinda Bueno de Andrada.

O registro de batismo de 16 de dezembro de 1832, na Matriz de Nossa Senhora do Rosário, segundo o livro nº 3, no Arquivo da Cúria Diocesana de Santos. Filha de Antônio Manoel da Silva Bueno e de sua mulher D. Anna Margarida da Graça Martins Bueno, Anna deve ter nascido em dezembro de 1832, pois na época, não se passavam muitos dias entre o nascimento e o batismo.

O pai era santista, nascido em 1788, descendente de famílias notáveis de Santos, relacionava-se com a família dos Andradas. Participou de várias atividades políticas em Portugal e Santos e faleceu em 1838, deixando Anna Bemvinda órfã antes de completar 6 anos.

Anna Bemvinda recebeu formação para questões políticas e sociais. Casou-se com Martim Francisco Ribeiro de Andrada Filho (1825 – 1886), nascido em Mussidon (França), sobrinho de José Bonifácio, o Patriarca. O marido teve brilhante carreira acadêmica e política, como duas vezes ministro e conselheiro do Império.

O casal teve seis filhos: 1 – Martim Francisco Ribeiro de Andrada o 3º; 2 – Antônio Manuel Bueno de Andrada; 3 – José Bonifácio Bueno de Andrada; 4 – D. Gabriela de Andrada Dias de Mesquita; 5 – D. Anna Margarida de Andrada, a Guida: casou-se com Silva Jardim (abolicionista e republicano, que trabalhou em Santos, como advogado, sócio do cunhado Martim Francisco 3º); e 6 – D. Maria Flora de Andrada.

Martim Francisco 2º idealizou uma sociedade para alforriar escravas e D. Anna Bemvinda fundou, em São Paulo, em 1870, a primeira sociedade feminina para “a libertação de escravas moças”, chamada A EMANCIPADORA. Num depoimento dado 38 anos após a Lei Áurea de 13 de maio de 1888, no jornal “O Estado de São Paulo”, em 1926, o filho, Antônio Manuel Bueno de Andrada, informou que, ainda menino, participou da ação abolicionista, cobrando mensalidades.

“Minha mãe D. Anna Bemvinda Bueno de Andrada foi escolhida para presidir. Alistaram-se numerosas sócias. A associação, que se denominava: A EMANCIPADORA, redimiu muitas raparigas, algumas se casaram, constituíram famílias, que vivem hoje prósperas”.

Ainda relata o filho de Anna Bemvinda:

“Recordo-me de que auxiliaram com entusiasmo. A EMANCIPADORA, desde o início, Ferreira de Menezes e Salvador de Mendonça, ao tempo redatores do IPIRANGA, órgão do Partido Liberal Paulista”. Adulto, Antônio Manoel tornou-se jornalista e propagou a Abolição.



Legenda: “Recibos passados pela Sociedade Emancipadora 28 de Setembro [1876] em favor dos sócios Isabel Tosta Duque Estrada e Luís Joaquim Duque Estrada Teixeira.”

A ação de D. Anna Bemvinda frutificou: outras sociedades foram criadas para dar liberdades às escravas, algumas em Santos. Ressalte-se a santista Anna Bemvinda, como exemplo dessa participação libertadora. Merece ser lembrada!

 

Referências

Imagem 26: [Autor desconhecido]. [Recibos passados pela Sociedade Emancipadora 28 de Setembro em favor dos sócios Isabel Tosta Duque Estrada e Luís Joaquim Duque Estrada Teixeira]. 1876.

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