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José Bonifácio: Roteiro Histórico-Sentimental

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Símbolos de um monumento: homenagem aos Andradas

“Onde não existe símbolo não pode haver obra de arte”.
(Maeterlinck, 1862-1949)




Legenda: Pequeno recorte do Monumento dos Andradas numa matéria da revista Fon-Fon.

Construído em granito e bronze, o monumento aos irmãos Andradas, na Praça da Independência, no Gonzaga, é o maior da cidade de Santos. Foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, dentro das grandes comemorações do Centenário da Independência do Brasil. O objetivo principal foi homenagear os irmãos Andradas, santistas que muito amaram sua terra e o Brasil. A Companhia Construtora de Santos apresentou o projeto vencedor para o concurso internacional – cujo edital exigia “Arte e Verdade”. A parte histórica foi de Affonso d’E. Taunay, diretor do Museu Paulista. A arquitetura foi de Gaston Castel, francês, Prêmio de Roma, em parceria com Antonie Sartório, francês laureado pelo Instituto de França.



Legenda: Affonso Taunay, um dos principais articuladores das comemorações do primeiro centenário da Independência. Seu trabalho estava voltado para a canonização dos ‘grandes’ personagens que nela tomaram parte.

Nossa intenção é apontar alguns símbolos dessa obra de arte. O símbolo na arte expressa uma ideia abstrata que é reconhecida por todos, pode se apresentar em formas, figuras, desenhos, marcas e cores.

O principal destaque é José Bonifácio de Andrada e Silva, com a farda de Primeiro Ministro; Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, com a toga de magistrado; Martim Francisco Ribeiro de Andrada, com uniforme de coronel de engenheiros.

Além desses homens que participaram ativamente do processo da Independência, o monumento faz homenagem aos formadores da população com os rostos do branco, do índio, do mestiço e do negro.

Alguns símbolos são: a escadaria – significa a formação nacional brasileira e que teve de ser alcançada por etapas –; correntes, condecorações dos Andradas; cornucópias – dois vasos recurvos e que se representam cheios de flores e frutos, símbolos da abundância. Alguns são de fácil identificação: ramos de cafeeiro, estrelas formando o Cruzeiro do Sul, um escudo com a esfera armilar, a bandeira nacional desfraldada, e outros.

Figuras femininas aparecem: a princesa D. Leopoldina, mulher de D. Pedro e as princesas meninas: D. Januária, D. Paula Mariana e D. Francisca, irmãs de D. Pedro de 5 anos.

Na face principal do monumento, abaixo da estátua de José Bonifácio, há o Gênio da Liberdade. Figura feminina de grandes asas abertas, remete à Grécia clássica, berço da democracia, corpo envolvido em traje diáfano em estilo grego. A mão direita segura uma espada que significa força, combate e uma coroa de louros, o triunfo da vitória alcançada com a Independência. Na mão esquerda, um mastro com a bandeira nacional e termina com uma chama, representativa do ardor dos irmãos Andradas.

Esta imagem está repleta de mensagens simbólicas. Inspirada na Antiguidade, a mulher alada, pronta a alçar voo, representa a Liberdade do Brasil separado de Portugal. É uma feliz união: a inspiração mitológica com a realidade brasileira, orgulhosa de sua História materializada nas figuras dos três irmãos Andradas, glorificados por Santos.

O monumento foi “adotado” pela população que o chama de “Estátua” e é local escolhido espontaneamente para grandes manifestações populares.

Um patrimônio material de Arte e Verdade, pleno de simbolismos.



Legenda: Projeto para o Pantheon dos Andradas, que viria a ser inaugurado em 1923.

 

Referências

Imagem 27: O CHEFE da nação em visita a São Paulo: em Santos. Fon-Fon. Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1922.

Imagem 28: Affonso d'E. Taunay. Grandes vultos da Independência brasileira: publicação commemorativa do primeiro centenário da Independência nacional. São Paulo : Melhoramentos, 1922.

Imagem 29: O PANTHEON dos Andradas em Santos. Illustração Brasileira. Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1921.

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