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Publicações Seriadas: História, Memória e Documentos

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Origens da imprensa no Brasil

Oficialmente, o primeiro jornal a ser publicado no Brasil foi a Gazeta do Rio de Janeiro, lançada na capital a 10 de setembro de 1808 pela Impressão Régia, instituída pelo reinado de Dom João VI. Mas, apesar de oficial, sem liberdades críticas, na prática, ela foi apenas o segundo jornal da história da imprensa brasileira: o periódico pioneiro desta terra brasilis foi o Correio Braziliense, editado na Inglaterra pelo brasileiro Hipólito José da Costa, que o lançou apenas três meses antes da Gazeta. Ocorre que Hipólito era um incendiário agitador liberal, daqueles que a coroa julgava melhor estar no exílio – do contrário, preso. Pois sim: a imprensa brasileira nasceu não áulica, mas sob o signo das liberdades críticas. A história de seu patrono, todavia, é perfilada por apetitosas contradições.


Primeiro número do Correio Braziliense (1808), editado na Inglaterra por Hipólito José da Costa


Gazeta do Rio de Janeiro, oficialmente o primeiro jornal publicado no Brasil. Número 1, 10 de setembro de 1808


Hypolito José da Costa, 1811

Saiba mais em:
Hipólito José da Costa Pereira
Gazeta do Rio de Janeiro 

A Idade D’Ouro do Brazil – Salvador, 1811
Quando em 1808 passou a funcionar a Impressão Régia no Brasil, até a década de 1820 apenas as suas publicações da Impressão Régia – ou com sua chancela – tinham licença para circular no país. A coroa orquestrava como podia a reação a órgãos de liberalismo incendiário como o Correio Braziliense. No entanto, a Impressão Régia não era a única que trabalhava a favor dos interesses da coroa: a iniciativa privada também o fez, e muito bem. Longe da corte, sob o sol da cálida capitania da Bahia de Todos os Santos, Manoel Antonio da Silva Serva impunha firme o jogo da metrópole através de seu jornal: a polêmica e conservadoríssima Idade d’Ouro do Brazil.


A Idade d’ouro do Brazil começou a circular em 1811

Em tiragens de quase duzentos exemplares por edição, a Idade d’Ouro do Brazil vinha, de início, com quatro páginas impressas em formato diminuto, chamado in-quarto, e depois in-fólio pequeno, circulando nas quartas e sextas-feiras, ao preço de sessenta réis o exemplar – assinaturas anuais e semestrais podiam ser feitas por oito mil e quatro mil réis, respectivamente. Embora a Gazeta do Rio de Janeiro fosse fonte de informações para a Idade d’Ouro, suas notas oficiais não podiam ser replicadas pela folha baiana, já que lesariam o monopólio da Impressão Régia. Em consequência, o periódico vinha com mais espaço para artigos de opinião, ou melhor, para artigos de determinado tipo de opinião. Adicionalmente, o segundo jornal oficial de nossa história abordava o comércio, a agricultura, as artes e a literatura e as efemérides baianas.

Saiba mais em:
A Idade d’ouro do Brazil, de Manoel Antonio da Silva Serva

O Patriota – Rio de Janeiro, 1813
Entre 1808 e 1821, um dos poucos periódicos que podiam circular no Brasil foi O Patriota, lançado em janeiro de 1813 no Rio de Janeiro (RJ). Fundado por figuras do círculo intelectual de Domingos de Sousa Coutinho, o conde de Linhares, falecido um ano antes, era redigido e dirigido pelo coronel Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, considerado o primeiro jornalista oficial brasileiro, conhecido por sua colaboração na Gazeta do Rio de Janeiro e por ter comandado, posteriormente, O Espelho e o Diário do Governo. Além de ter sido o segundo periódico literário da história da imprensa brasileira, lançado depois de As Variedades ou Ensaios de Litteratura, impresso na tipografia de Silva Serva, na Bahia, cerca de um ano antes, O Patriota é visto pela historiografia como uma publicação cultural de alto nível dentre as edições da Impressão Régia. Além disso, o jornal foi o primeiro periódico brasileiro a contar com ilustrações.

Saiba mais em:
O Patriota – jornal litterario, político, mercantil, &c. do Rio de Janeiro


Edição de julho de 1913 de O Patriota, primeiro periódico brasileiro a contar com ilustrações

Diário do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, 1821
Zeferino Vito de Meirelles, quando esteve na Impressão Régia, ascendera de operário a vice-administrador. Saindo de lá, obteve a autorização e os meios para lançar seu próprio jornal: o Diário do Rio de Janeiro, lançado na Corte em 1º de junho de 1821. Primeiro Meirelles havia imprimido, na tipografia real, uma espécie de anúncio promocional: um “Plano para o estabelecimento de hum util e curioso diario nesta cidade”, onde relatava suas pretensões e detalhes sobre a publicação, que custaria a mensalidade de 640 réis (ou 40 réis por exemplar avulso), a serem pagos na loja de Manoel Joaquim da Silva Porto. E assim, o Diário do Rio de Janeiro, o primeiro periódico de periodicidade diária da história da imprensa brasileira, veio a lume. Apolítico, trazia preços de gêneros alimentícios diversos, entre outras coisas, coisa que o valeu os apelidos de “Diário do Vintém” e “Diário da Manteiga”.

Saiba mais em:
Diário do Rio de Janeiro
 
Diário do Rio de Janeiro, primeiro jornal diário da imprensa brasileira

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