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Publicações Seriadas: História, Memória e Documentos

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Grandes periódicos ilustrados

Ostensor Brasileiro – Jornal litterario pictoreal – Rio de Janeiro, 1845
O Ostensor Brasileiro foi criado no Rio de Janeiro (RJ) em 1845. Criado e dirigido pelo poeta e romancista português Vicente Pereira de Carvalho Guimarães e por João José Moreira (o primeiro responsável pela edição e o segundo pela administração financeira), foi uma das primeiras e mais importantes publicações literárias da imprensa periódica brasileira. Sua segunda folha de rosto o definia como uma “Collecção de producções originaes em prosa e verso sobre assumptos pertencentes á historia politica e geographica da Terra de Santa Cruz”. A palavra “ostensor”, do latim “ostensore”, significa “aquele que mostra ou ostenta”, revelando a intenção do periódico em retratar o Brasil.

Saiba mais em:
Ostensor Brasileiro: jornal litterario e pictoreal.




Ostensor Brazileiro, uma das primeiras e mais importantes publicações literárias da imprensa brasileira

A Semana Illustrada – Rio de Janeiro, 1860
A Semana Illustrada foi uma proeminente revista ilustrada humorística semanal do Segundo Reinado – praticamente a primeira de seu gênero. Lançada por Henrique Fleiüss, Carl Fleiüss e Carl Linde no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de dezembro de 1860, foi publicada até 19 de março de 1876. Nesses dezesseis anos, contou com colaboradores ilustres como Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Joaquim Manuel de Macedo, Quintino Bocaiúva, Bernardo Guimarães, Pedro Luís, entre outros. Em pequeno formato e com oito páginas, quatro de texto e quatro de ilustrações, o semanário vinha com crônicas, contos, poesia, comentários mordazes e jocosos, efemérides e opiniões sobre assuntos do cotidiano carioca, modas, variedades, crônica e crítica teatral, anedotas, folhetins, entre outras coisas. Com suas partes ilustradas impressas a litografia e o restante tipografado, tinha um personagem principal, que aparecia tanto em sua parte desenhada quanto em suas crônicas de abertura, o satírico “Dr. Semana”, sempre ao lado do jovial “Moleque”. Os desenhos publicados no semanário eram de autoria do próprio fundador Henrique Fleiüss, editor geral da revista e possível autor do personagem.

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Hà 160 anos nascia a Semana Illustrada.


Primeiro número da Revista Illustrada, lançada em dezembro de 1860


"Dr. Semana”, sempre acompanhado do “Moleque”, era o personagem principal da revista Semana Illustrada. n. 42, 29 de setembro de 1861

Paraguay Illustrado – Rio de Janeiro, 1865
Circulando no Rio de Janeiro (RJ) entre 30 de julho e 26 outubro de 1865, Paraguay Illustrado foi um semanário satírico que funcionou como veículo de propaganda brasileira contra as forças do presidente paraguaio Solano López, durante a Guerra do Paraguai. Órgão de escracho pesado, ilustrava López e seus oficiais com patas e chifres, quando não excessivamente obesos, com finas perninhas e enormes cabeças: humor grotesco, em tempos de guerra.

Saiba mais em:
Paraguay Illustrado: humor pesado em tempos de guerra.


Edição n. 1 do Paraguay Illustrado, 1965


O humor pesado do Paraguay Illustrado ridicularizava o presidente paraguaio Solano López e seus oficiais. Edição n. 4, 1865

 A Estação – Jornal illustrado para a família – Rio de Janeiro, 1879
Lançado no Rio de Janeiro (RJ) em 15 de fevereiro de 1879, o periódico A Estação era propriedade da livraria, tipografia e litografia Lombaerts & Cia., gerida pelo belga Jean Baptiste Lombaerts e seu filho, Henri Gustave Lombaerts. Impresso na Europa e graficamente bem-acabado, o periódico era especializado em moda, comportamento, etiqueta, costumes, literatura e “vida mundana”, com foco no público feminino de classe média. Tendo reproduzido ao público brasileiro – principalmente o feminino – padrões de beleza e vestuário tipicamente europeus, ao passo em que mantinha boa linha literária, com textos de Machado de Assis, Arthur Azevedo, Olavo Bilac, Júlia Lopes de Almeida, Luiz Murat, Raymundo Corrêa, entre outros. Foi mantido até 1904 em periodicidade quinzenal, saindo sempre nos dias 15 e 30 de cada mês.

Saiba mais em:
A Estação: jornal ilustrado para a família.


Segundo número de A Estação – Jornal illustrado para a família


“Quincas Borba” foi uma das muitas obras de Machado de Assis publicadas na seção literária de A Estação. Ano 15, n. 11, 15 de junho de 1886

O Olho da Rua – Curitiba, 1907
O Olho da Rua foi uma revista ilustrada quinzenal de humor lançada em 13 de abril de 1907, em Curitiba (PR), inspirada em periódicos cariocas como O Malho e Fon-Fon. Foi uma das principais revistas satíricas curitibanas do início do século XX – a ponto de ser considerada, junto com as revistas A Bomba e A Carga, uma das responsáveis pelo grande momento da caricatura na "belle époque" paranaense. Fundada e dirigida por Seraphim França, Heitor Valente, Mário de Barros e Júlio Leite, tinha os mesmos como caricaturistas e/ou redatores – função também desempenhada por Aldo Silva, Rodrigo Júnior e outros. Em comparação a experiências editoriais semelhantes, circulou por um período considerável: seu fechamento se deu após a edição de 22 de novembro de 1911. Abordava-se na revista, sobretudo, a transformação da urbe curitibana na modernidade, destacando-se problemas e soluções infraestruturais, bem como a chegada de novidades na capital paranaense – como o cinematógrafo.

Saiba mais em:
Há 115 anos, as piscadelas d'O Olho da Rua.
 
Na edição número 3 do ano 1, de 11 de maio de 1907, a ilustração da capa de O Olho da Rua traz o personagem Zé, recorrente na imprensa ilustrada brasileira para caracterizar o popular anônimo e oprimido

 Eu Sei Tudo – Rio de Janeiro, 1917
Eu Sei Tudo foi um periódico mensal ilustrado lançado no Rio de Janeiro (RJ) em junho de 1917. Era propriedade da Companhia Editora Americana, gerida por Arthur Brandão, a mesma casa editora que publicava a Revista da Semana e, depois, A Scena Muda. Editado como grande almanaque, formato que, copiado da imprensa internacional, fez sucesso no mercado editorial brasileiro da época, Eu Sei Tudo vinha com destaque para suas ilustrações, multicoloridas. Como todo almanaque, sua linha editorial buscava dar conta de tudo um pouco, atendendo a vários públicos: masculino, feminino e infantil, para entretenimento no lar e para comerciários. Assim, a variedade temática de suas edições – que já eram extensas – possibilitou a publicação de textos científicos e reportagens sobre uma infinidade de temas, sempre muito bem ilustradas, além de versos e textos em prosa, curiosidades, cartuns de humor, ilustrações, caricaturas e desenhos de figuras importantes da política e da sociedade brasileiras, entre inúmeras outras coisas.

Saiba mais em:
Eu Sei Tudo: variedades para a família.
 
Primeiro número do “magazine mensal ilustrado” Eu Sei Tudo, junho de 1917


Almanach Eu Sei Tudo, publicado anualmente, no mês de dezembro

 O Cruzeiro – Rio de Janeiro, 1928
Lançada no Rio de Janeiro (RJ) em 10 de novembro de 1928 por Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, O Cruzeiro foi uma das mais proeminentes revistas ilustradas da história da imprensa brasileira. Circulando semanalmente em todo o território nacional, foi um dos primeiros órgãos a integrar os Diários Associados, a primeira rede de comunicação brasileira, que, em seu auge, contabilizaria 36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão, dentre as quais, a TV Tupi. Fundada num período de franca expansão da rede, quando Chateaubriand já mantinha O Jornal, a revista foi um dos bastiões dos Associados, tendo revolucionado o mercado editorial brasileiro ao criar e ditar padrões, além de ter influenciado fortemente a opinião pública nacional de acordo com as predileções políticas de seu proprietário. Com a decadência da cadeia após a morte de Chateaubriand, em 1968, o semanário perdeu muito de seu brilho na década de 1970, até fechar definitivamente em 1985.

Saiba mais em:
O Cruzeiro.


Primeira edição de O Cruzeiro, revista ilustrada que revolucionou o mercado editorial brasileiro

Walkyrias – Rio de Janeiro, 1934
Surgida em agosto de 1934, Walkyrias foi um fino mensário ilustrado de altos padrões gráficos e editoriais. Voltada ao público feminino de elite, fazia a cabeça não só de leitoras cariocas, mas de todo o Brasil. Por trás de sua concepção havia um projeto político e pedagógico de esclarecimento e comprometimento com a mudança da realidade da mulher brasileira. Dirigida por sua proprietária, a escritora, jornalista e militante feminista Jenny Pimentel de Borba, a publicação parecia focar, em primeiro plano, moda, literatura, artes visuais, artes cênicas e eventos sociais diversos, dando os devidos holofotes à movimentação cultural da high-society carioca. Por outro lado, fruto de seu caráter moderno, liberal, engajado e cosmopolita, a revista surfava na conquista do direito ao voto feminino no Brasil, iniciada por um decreto presidencial de Getúlio Vargas em 1932 e concretizada na Constituição de 1934. Abordava, assim, o feminismo e a emancipação feminina na sociedade patriarcal – lançando mão, para tanto, de artigos de figuras como Bertha Lutz, Gilka Machado, Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, entre outras.

Saiba mais em:
Walkyrias: feminismo na alta sociedade carioca.


O mensário ilustrado Walkyrias abordava o feminismo e a emancipação feminina na sociedade patriarcal.

Manchete – Rio de Janeiro, 1952
Manchete foi uma revista semanal de grande circulação, lançada no Rio de Janeiro (RJ) em 26 de abril de 1952, tendo circulado regularmente até 29 de julho de 2000. Criada por Adolpho Bloch, a publicação se estabeleceu como principal concorrente da então extremamente bem-sucedida revista O Cruzeiro, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, a qual viria a superar. Manchete foi, afinal, o órgão fundador do extinto Grupo Manchete, que se estabeleceria de fato em 1983, com o início das transmissões da Rede Manchete de Televisão, composta de cerca de dez emissoras de TV (e mais dezenas de afiliadas), todas levando o nome do periódico impresso. Foi em paralelo a essa expansão comercial dos negócios de Adolpho Bloch e sua família, nos anos 1980, que o semanário – com seu slogan ''Aconteceu, virou Manchete'' – atingiu seu ápice, firmando-se como verdadeiro fenômeno editorial: chegou a ter tiragem de milhões de exemplares naquele período. Isso, todavia, não durou muito tempo. Após o fim de sua publicação regular como semanário, marcada pelo fim da Rede Manchete, que puxou à falência a Bloch Editores, em 2000, num longo período de crise deflagrado na década de 1990, Manchete foi adquirida pelo empresário Marcos Dvoskin, e continuou circulando, mas como produto de uma nova empresa, a Manchete Editora.

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Manchete


Primeira edição da revista Manchete, de 26 de abril de 1952

Realidade – São Paulo, 1966
Lançada em abril de 1966, Realidade foi um marco modernizador no jornalismo brasileiro. Revista mensal de circulação nacional da Editora Abril, então dirigida por Vítor Civita, abordou criticamente, sobretudo em sua primeira fase, que foi até fins de 1968, temas polêmicos com relação à política e ao comportamento: algo que acabou ocasionando problemas com a censura da ditadura militar. O trunfo de Realidade foi sua inspiração no chamado “novo jornalismo”, ou “jornalismo literário” norte-americano, publicando algo até então inédito por estas bandas: grandes reportagens, com amplo destaque de fotografias e ilustrações, em sofisticados padrões estéticos.

Saiba mais em:
Realidade: a mãe das atuais revistas jornalísticas no Brasil.


Inspirada no “novo jornalismo”, Realidade foi um marco modernizador da imprensa brasileira

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