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Publicações Seriadas: História, Memória e Documentos

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Imprensas regionais

Acre
O Municipio – Tarauacá, 1910
Fundado e dirigido por Pedro Gomes Leite Coelho, o semanário O Municipio foi lançado em 28 de setembro de 1910 na localidade acreana de Villa Seabra, na confluência dos rios Murú e Tarauacá, onde atualmente se encontra a cidade de Tarauacá. Em 1910, Villa Seabra fazia parte do Departamento do Alto Juruá, uma das divisões geo-administrativas que havia no então Território do Acre até 1920, quando foram extintas. Segundo o editorial da edição de lançamento, O Municipio foi o primeiro jornal das imediações do rio Tarauacá. Criado para defender os “interesses do Acre e de sua vila” e bastante aguerrido, o periódico defendia as iniciativas privadas do Tarauacá-Murú, bem como o conselho municipal que administrava Villa Seabra. Em geral, o jornal era legalista, opondo-se a revoltas locais de cunho político e destituições de governantes, algo comum no Brasil no início do século XX. Por isso o periódico foi contra o Movimento Autonomista do Acre, que pleiteava a sua transformação em estado (o que só ocorreria em 1962). Anos depois, no entanto, o jornal apoiaria a Revolução de 1930.

Saiba mais em:
O Município.


O Municipio, lançado em 1910 para defender os interesses do Acre

Ceará
Diário do Governo do Ceará – Fortaleza, 1824
No contexto da Confederação do Equador, servindo a ela, surgiu o primeiro periódico impresso no Ceará, província onde a adesão ao movimento separatista só não era maior do que em Pernambuco. O Diário do Governo do Ceará  foi lançado no dia 1º de abril de 1824, através da abertura da Typografia Nacional do Ceará, em 29 de março daquele ano. “Nacional”, claro está, não queria dizer “Imperial”. Tal tipografia foi a pioneira no estado, aberta quando do envio de um prelo à Fortaleza pelo governador de Pernambuco, Manoel de Carvalho. Assim, Francisco José de Sales foi nomeado o “imprensário” do Diário do Governo do Ceará, e o padre Gonçalo Ignacio Albuquerque Mororó, referência dos confederados cearenses, seu redator. Felippe José Fernandes Lana e Urbano José do Espírito Santo eram os ajudantes compositores da tipografia e João Bezerra de Albuquerque o “gazeteiro” do periódico, ou seja, o comerciante autorizado a vender seus exemplares.

Saiba mais em:
Diário do Governo: o órgão pioneiro da imprensa cearense.


Diário do Governo do Ceará, pioneiro e “oficial”, embora insurgente

Maranhão
O Conciliador do Maranhão – São Luís, 1821
Vindo a lume em 15 de abril de 1821 em São Luís (MA), pouco após a abolição da proibição de circulação de impressos que não fossem da Impressão Régia, O Conciliador do Maranhão foi o primeiro periódico lançado em sua província. De orientação política estritamente áulica, não era nada “conciliador”, posto que acatasse apenas aos interesses portugueses no contexto do processo político que levou o Brasil à Independência. A razão para isso era simples: foi lançado pelo governador maranhense, o marechal português Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, mostrando, afinal, a força da presença lusitana no Maranhão, já que a ruptura entre a colônia e a metrópole traria desvantagens para a elite local. Tendo abordado os conflitos em torno da adesão forçada do Maranhão ao reino independente, acabou deixando de ser publicado em sua 210ª edição, de 16 de julho de 1823, poucos dias depois da queda de São Luís para as tropas fiéis a Dom Pedro e cerca de duas semanas antes da efetiva inclusão da província ao recém-fundado Império do Brasil. Contudo, seu empreendimento abriu alas para o surgimento de outros periódicos na província.

Saiba mais em:
O Conciliador do Maranhão
Gazeta Extraordinária do Governo da Província do Maranhão
O Argos da Lei
O Amigo do Homem
A Bandurra
Minerva – folha política, literária e comercial
A Cigarra (Maranhão, 1829)
O Censor Maranhense
Farol Maranhense
Chronica Maranhense
Jornal de Timon 


Conciliador do Maranhão, o primeiro jornal do Maranhão abriu alas para o surgimento de diversos outros periódicos na província

Minas Gerais
Compilador Mineiro – Ouro Preto, 1823
Fundado pelo padre e artista visual José Joaquim Viegas de Menezes, o Compilador Mineiro deixou sua marca na história da imprensa brasileira ao ser o primeiro periódico redigido e impresso na província de Minas Gerais. No entanto, o pioneirismo de seu editor não se restringiu a isso; anos antes da publicação do jornal, Viegas de Menezes, pelos conhecimentos que adquirira em Portugal, instituiu em Vila Rica (a atual Ouro Preto) juntamente com o artífice português Manuel José Barbosa Pimenta e Sal e alguns operários, já no ano de 1820, uma das primeiras tipografias brasileiras. Publicado nessa cidade, então capital da província, a partir de 13 de outubro de 1823, o Compilador Mineiro desencadeou a fundação de outras folhas locais. Mesmo assim, muito por seu teor polêmico, o periódico pioneiro de Minas Gerais não durou muito: após publicar sua 29ª edição, de 9 de janeiro de 1824, foi suspenso, dando lugar à Abelha do Itaculumy, impresso em sua oficina a partir de 14 de janeiro de 1824 com o objetivo expresso de substituí-lo, embora em linha mais moderada.

Saiba mais em:
Compilador Mineiro: o pioneiro das alterosas


Compilador Mineiro, periódico pioneiro de Minas Gerais

Pará
O Paraense – Belém, 1822
O Paraense foi o primeiro jornal a ser produzido e impresso na província do Grão-Pará, atual Estado do Pará. Seu lançamento, em 22 de maio de 1822, estabeleceu também o nascimento do periodismo em todo o Norte do Brasil. Pelas bandas amazônicas, a Independência não teria chegado como chegou não fosse O Paraense. Mas, apesar de sua importância, foi um impresso efêmero, tendo durado menos de um ano. Sua curta vida se deu em consequência dos ventos políticos de seu tempo, em pleno processo de Independência do Brasil: motivo de sobra para que não caia no esquecimento. O Paraense foi lançado pelo advogado e político Felipe Alberto Patroni Martins Maciel Parente, viabilizado pelo maquinário tipográfico que seu editor trouxera de Portugal ao retornar de sua graduação em Leis e Cânones na Universidade de Coimbra.

Saiba mais em: Bicentenário da imprensa no Pará: um capítulo da independência do Brasil.

Legenda: O Paraense foi o primeiro jornal impresso na província do Grão-Pará.

Pernambuco
Abelha Pernambucana – Recife, 1829
Antonio Borges da Fonseca é um dos nomes a se lembrar, quando o assunto é história da imprensa. Editando numerosos pasquins como um dos mais radicais liberais "exaltados", entrou em querelas e cativou inimizades ao fim do Primeiro Reinado, durante o Período Regencial e ao início do Segundo Reinado, pontiagudo que era tanto frente a conservadores quanto a liberais moderados. Um de seus periódicos de maior vulto foi a Abelha Pernambucana, que, do Recife, revelou o polêmico traço de Borges da Fonseca para o restante do Brasil em 1829, ao apagar de luzes do reinado de Dom Pedro I. As ferroadas da Abelha eram tão doloridas que diversos outros jornais pernambucanos se viam com a missão de combatê-la.

Saiba mais em:

Abelha Pernambucana: ferroadas de Borges da Fonseca.

De “abelhas” e seus caçadores: a imprensa pernambucana ao fim do Primeiro Reinado.

Legenda: Abelha Pernambucana, um dos periódicos do combatente Borges da Fonseca.

Rio de Janeiro
 Cidade de Petrópolis e O Povo – Petrópolis, 1902
Petrópolis, cidade dileta de Dom Pedro II, sempre teve rica imprensa – tanto de diários do cotidiano, voltados a efemérides, quanto de revistas ilustradas. Muitas vezes, seu jornalismo esteve atrelado a desdobramentos da política nacional, próximo que era, geograficamente, da capital brasileira tanto em tempos monárquicos quanto durante a República Velha. Aqui temos dois simpáticos exemplos de jornais petropolitanos: Cidade de Petrópolis e O Povo, ambos de 1902.

Saiba mais em: Dois jornais petropolitanos.

Legenda: Cidade de Petrópolis, jornal de variedades com foco prioritariamente local.

Rio Grande do Norte
O Natalense – Natal, 1832
Órgão pioneiro da imprensa potiguar, O Natalense veio a lume em Natal (RN), em setembro de 1832, por obra do padre, político e educador Francisco de Britto Guerra. Como não houvesse prelo na província do Rio Grande do Norte naquele momento, o jornal foi impresso, em seus primeiros momentos, no Maranhão, no Ceará e em Pernambuco, mas já a fins de 1832 essa situação mudou: sua publicação passou então a ser feita regularmente pela Typographia Natalense, gerida por uma sociedade. Assim, contendo 4 páginas nas dimensões 30 x 21 cm, o periódico se manteve até seu fim, em 1837.

Saiba mais em: O Natalense.

Legenda: O Natalense, pioneiro da imprensa potiguar.

Rio Grande do Sul
O Noticiador – Rio Grande, 1832
Lançado em 1832 na Vila do Rio Grande do Sul, atual cidade de Rio Grande, O Noticiador, um "Jornal Político, Litterario e Mercantil", pode não ter sido o pioneiro em sua província, mas estabeleceu a chegada da imprensa livre ao interior gaúcho. E mais: foi o primeiro brasileiro a defender abertamente a abolição da escravatura. Fundado pelo farmacêutico maçom Francisco Xavier Ferreira, então conhecido como “Chico da Botica”, era impresso numa tipografia simples, que Ferreira possuía no então chamado Beco do Rasgado, mudando-se posteriormente para a Rua Direita.

Saiba mais em: Há 190 anos O Noticiador gaúcho estabelecia um marco duplo.

Legenda: Primeiro jornal brasileiro a defender abertamente a abolição da escravatura, O Noticiador foi também pioneiro da imprensa livre no interior gaúcho.

 São Paulo
 Jornal da Noite – Santos, 1920
Lançado em Santos (SP) em 2 de junho de 1920, o Jornal da Noite foi um “Órgam nacionalista” sem programa definido, mas simpático à política do “café com leite”, durante a Primeira República. Crítico e sempre disposto a botar o dedo nas feridas da má administração pública, contudo, o diário acompanhava de perto as mudanças na urbe local no início da década de 1920, por vezes perplexo. Dava o que falar em sua acalorada cobertura do cotidiano local: reclamava de serviços e repartições públicas abandonados, autoridades demagogas, problemas de infraestrutura, questões sanitárias e econômicas, criminalidade. Sem deixar o bom e velho futebol local de fora. Como era um vespertino, apurava os acontecimentos ao longo do dia e chegava às mãos de leitores que acabavam de encerrar expediente, indo encarar o bonde no trajeto para casa, à noitinha.

Saiba mais em: Jornal da Noite: um vespertino santista.

Legenda: Jornal da Noite acompanhou de perto as mudanças da urbe santista na década de 1920.

Sergipe
Recopilador Sergipano – Estância, 1832
Surgido em setembro de 1832, em tempos em que a atual capital sergipana ainda não existia, o Recopilador Sergipano foi o marco fundador da imprensa em seu estado. Politicamente ameno e oficialesco, respeitoso à Regência, tinha pendores liberais moderados, de acordo com os ventos imperiais do momento, imediatamente após a abdicação de Dom Pedro I. Transcrevia principalmente textos da Aurora Fluminense, de Evaristo Ferreira da Veiga, do Rio de Janeiro, então um órgão de situação, voltado aos programas das novas figuras de elite que ascendiam. No debate público onde se opunham os liberais antilusitanos que aplaudiram o fim do Primeiro Reinado e os conservadores que apoiavam a restauração do imperador, apelidados de “caramurus”, o jornal esteve com aqueles. Embora procurasse não ofender as autoridades, o Recopilador tinha lá seus momentos de livre exercício da crítica.

Saiba mais em: Há 190 anos surgia a imprensa no Sergipe.

Legenda: O Recopilador, de 1832, foi o pioneiro da imprensa sergipana.

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