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O Pasquim

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AMORIM

HISTÓRIA CINCO

UM JOGO DE GATO E SIG


POR AMORIM

Quando a censura passou a ser feita em Brasília, no Ministério do Exército, a barra pesou mais ainda. O censor não tinha cara, portanto não tinha conversa. No início, houve algumas trocas de telefonemas, mas depois cortaram todo o contato. As matérias eram censuradas sem explicação alguma. Os cortes eram feitos com ódio, perceptível pela maneira em que rasuravam tudo com canetas Pilot. No início, também, para os desenhos, mandava-se a ideia, em um rascunho, para ver se seria aprovada.

Por temerem modificações no momento de finalizar o desenho, passaram a exigir que fossem mandadas as artes originais (o desenho pronto). Assim, tinham o prazer perverso de destruir a maioria das artes d’O Pasquim, riscando os desenhos de ponta a ponta.

Havia a distância. O material todo seguia para Brasília em um malote do Dops. Levavam um tempo censurando e, depois, não tinham pressa em devolver. O processo todo demorava quase um mês, às vezes mais. Para um jornal semanal, significava não poder comentar nada de atualidades.

Mas O Pasquim ia driblando os censores, como mostra essa HQ. Era um jogo de gato e rato. No caso, o ratinho Sig.









O carioca Carlos Amorim começou sua carreira publicando n’O Pasquim, a partir de 1984. No ano seguinte, juntou-se à redação desse jornal, como diagramador e, depois, como um de seus editores. De 1990 a 1997, trabalhou como chargista diário do Jornal dos Sports (Rio de Janeiro).

Produziu e distribuiu charges editoriais, caricaturas, ilustrações e quadrinhos para dezenas de jornais no país. Seus trabalhos foram expostos e premiados em exposições na França, Bélgica, Bulgária, Polônia, Portugal, México, Macedônia, Rússia, Turquia, Irã, Israel, Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Itália, Cuba e Japão.

É convidado constantemente para ser jurado de salões de humor (Brasil, Irã, França, Turquia etc.). Como pesquisador do humor gráfico, editou uma longa série sobre os grandes nomes do desenho brasileiro para o Jornal da ABI e foi um dos curadores do Festival Internacional do Humor do Rio de Janeiro.
Atualmente, é professor de desenho, ilustrador de livros, publica charges e tiras em alguns jornais pelo país e é editor do jornal carioca + Humor.

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