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O Pasquim

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MIGUEL PAIVA

HISTÓRIA ONZE

PRISÃO: A GRIPE


POR MIGUEL PAIVA

O objetivo principal da prisão dos nove de O Pasquim era fechar o jornal de maneira indireta. Ao tirarem de circulação as pessoas que faziam O Pasquim, calculavam que o próprio jornal deixaria de circular. Não contaram, porém, com a ligação muito forte que as pessoas tinham com o jornal, nem com a importância que tinha adquirido como símbolo de resistência a favor da liberdade e contra o autoritarismo. E as pessoas foram à luta.

Dos 11 principais integrantes do jornal, Millôr e Henfil não chegaram a ser presos. Eles se juntaram à “cozinha” do jornal – o pessoal que tocava O Pasquim no dia a dia – gente como a chefe de redação, Martha Alencar, e o repórter Chico Jr., e a colaboradores próximos, como Miguel Paiva e Sérgio Augusto, para manterem o jornal funcionando.

E aí aconteceu uma coisa maravilhosa, que ficou conhecida como o rush da solidariedade. Dezenas de artistas, jornalistas e personalidades – alguns dos maiores nomes do cenário cultural – acorreram a O Pasquim, entregando colaborações que ajudaram muito a preencher as páginas do jornal.

Um detalhe surreal nessa história é que não se podia noticiar que os nove d’O Pasquim tinham sido presos! Teve que se inventar a desculpa de que tinham se afastado do jornal em razão de um surto de gripe. Tudo tinha que ser avisado ao público na surdina (Veja neste espaço, aqui em volta, exemplos de como foi feito isso.)









O carioca Miguel Paiva começou cedo, aos 16 anos, no Jornal dos Sports. Aos 17, tornou-se assistente de Ziraldo e passou a publicar cartuns e quadrinhos ao lado dos maiores feras do humor brasileiro, nos primórdios d’O Pasquim. Entre 1974 e 1980, viveu na Itália, em pleno boom dos quadrinhos europeus, publicando, naquele mercado, álbuns como Memórias de Casanova.

Na Europa, iniciou também sua carreira como cartazista e diretor de arte. De volta ao Brasil, lançou a personagem Radical Chic no Jornal do Brasil (JB), com grande sucesso. Após 11 anos no JB, a Radical foi publicada por mais de uma década no Globo, onde ele também publicou Gatão de Meia-Idade. Criou tiras infantis com a personagem Chiquinha, para a Folha de S.Paulo. Além de seus livros quadrinizando a História do Brasil, Paiva publicou cinco livros com o detetive Ed Mort (parceria com Verissimo), quatro livros da Radical, três com o Gatão, um livro como escritor e uma antologia de sua obra. É roteirista de TV e autor de peças de teatro. Recentemente, retomou as charges políticas, primeiro no Jornal do Brasil e, agora, no site Brasil 247.



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