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O Pasquim

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PAVANELLI

HISTÓRIA SEIS

PRISÃO: AI QUE ALÍVIO


POR PAVANELLI

À medida que crescia o sucesso d’O Pasquim, aumentavam as preocupações da ditadura com aquele jornal que tanto fazia a cabeça das pessoas.

As ameaças contra a patota passaram a vias de fato quando duas bombas foram colocadas no prédio da redação. Felizmente, a primeira não chegou a explodir e a segunda causou poucos danos. No final de 1970, os militares pegaram pesado para tirar O Pasquim de circulação: prenderam nove de seus 11 integrantes principais.

Ziraldo, Flávio Rangel e alguns nomes de O Pasquim já tinham passado por prisões, mas nada como a cana que tomaram com a turma de O Pasquim. Foram mais de dois meses de recolhimento, sem saberem do que tinham sido acusados, nem qual seria o seu destino.

O pretexto oficial para a prisão era ridículo. Pouco antes, o maestro Erlon Chaves tinha feito uma performance no Festival da Canção com a música de Jorge Ben Jor, “Eu quero mocotó”. Foi um grande sucesso.

O Pasquim fez duas edições com várias piadas em torno da palavra “mocotó”. Uma delas reproduzia o célebre quadro de Pedro Américo retratando o Grito do Ipiranga. Só que ali, Dom Pedro gritava (por um desenho de Jaguar): “Eu quero mocotó”! A piada bobinha foi considerada ataque a um símbolo da Pátria (!).









Osvaldo Pavanelli é paulista de Fernandópolis e, atualmente, vive em São José dos Campos. Surgiu profissionalmente como parte da onda de quadrinhistas alternativos paulistas que fizeram sucesso a partir de 1985, em revistas como Animal, Mil Perigos, Lúcifer e na argentina Fierro. Participou da equipe de artistas que colaborou para O Pasquim (São Paulo).

Trabalhou por 29 anos como ilustrador e caricaturista na Folha de S.Paulo e em outros veículos da imprensa paulistana. Nos anos 1990, fez a versão em quadrinhos do grupo de humor Casseta & Planeta, em figurinhas e em uma série de gibis. Seus quadrinhos foram publicados também nos Estados Unidos e na Europa. Participou de revistas como a Front, do projeto CyberComix, e de álbuns coletivos, como Fábrica de Quadrinhos, Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol e do espanhol Consecuencias.

Atualmente, é ilustrador de livros infantis, além de publicar livros com suas histórias em quadrinhos.

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