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Arthur Lobo

por Maria do Sameiro Fangueiro
Arthur Lobo nasceu em Coração de Jesus, MG, na época pertencente a Montes Claros, em 09 de setembro de 1869, e morreu em Belo Horizonte em 25 de setembro de 1901, com apenas 32 anos, vitimado por tuberculose.

Filho de Francisco da Silva Lobo, e de Maria Leopoldina da Silva Lobo. Seus primeiros estudos foram feitos na cidade de Uberaba, MG; mais tarde no Ateneu Fluminense do Rio de Janeiro, e em Sabará, MG. O pai militar, mudava de cidade frequentemente.

Em 1884, Arthur ingressou na Escola de Minas de Ouro Preto, para estudar engenharia, não concluindo o curso. Foi professor de português no Ateneu Sabarense, colégio fundado por ele, por Luiz Cassiano Martins (1868-1903), jornalista e escritor, e por Américo Pereira (1841-1903).

Sua estréia no mundo das letras foi em 1890, com o livro de poemas, intitulado Lei universal, no ano seguinte surgiu Ritmos e rimas, em 1893, Evangelhos, e em 1896 Quermesses. Estes dois últimos títulos estão reunidos no volume de Poesias, publicado em 1911. Dois novos títulos surgem, Um escândalo, romance de costumes, publicado em 1897, onde se delineava como autor naturalista, e Rosaes, romance psicológico, escrito em 1899. Em 1901, duas novelas foram reunidas num só livro, O Outro que dá título ao volume e No cárcere.

Sem que tivesse abraçado a carreira do pai, sua vida de adulto também foi marcada por constantes mudanças de cidade. Em 1891, casou-se com Maria Vaz. Neste mesmo ano ingressou no serviço público em sua cidade natal, mas ao perder o emprego tempos depois, Arthur mudou-se com a família, para Salvador, BA, terra de seu pai, onde viveu por dois anos. Depois de Salvador, foi morar em Ribeirão Preto, SP, e mais tarde foi viver em Uberaba, MG. Em 1897, atraído pelas oportunidades geradas pela recém-fundada cidade de Belo Horizonte, transferiu-se para a capital. Lá, trabalhou como jornalista e tesoureiro, ocupando o lugar deixado pelo pai na prefeitura da cidade.

Em 2012, recebeu homenagem da Academia Brasileira de Letras, com o lançamento do livro Seleta (prosa e verso), contendo os romances Um escândalo, Rosaes, O Outro, e No Cárcere, além de vários poemas. A publicação foi prefaciada por Ubiratan Machado (1941 -), e recebeu nota editorial de Gilberto Araújo.

Foi homenageado pela Academia Mineira de Letras em 1909, data de fundação desta Academia, com a cadeira de número 20.

É de sua autoria o poema a seguir


Mãe


Alva de brumas, alva de arminhos,
branca, tão branca como o Luar,
Mãe! abre as azas do teu carinho,
lança-me a bençam do teu olhar!

Como era triste, longo o caminho
aonde eu devia perigrinar!
Mãe! abre as azas do teu carinho,
lança-me a bençam do teu olhar!

Bato-te á porta de vagarinho....
Teu coração sempre a chorar!
Mãe! abre as azas do teu carinho,
lança-me a bençam do teu olhar!

Olho-te, beijo-te.... Ai, que mesquinho
me sinto junto do teu altar.
Mãe! abre as azas do teu carinho,
lança-me a bençam do teu olhar!


Em:Vera Crvz, anno 2,n.6, jan. 1899

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