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Revista de Petrópolis

por Maria Ione Caser da Costa
A Revista de Petrópolis foi uma publicação quinzenal de cunho recreativo, lançada na cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 14 de outubro de 1922. Os primeiros exemplares da publicação foram editados pela Typographia da Revista dos Tribunaes, que estava localizada na rua do Carmo, nº 55, no centro da cidade do Rio de Janeiro. No dia 20 de abril de 1923 acontece a inauguração das “officinas da Revista de Petropolis”, situada na rua da Alfandega 198, também no centro comercial da capital federal.

O quinzenário iniciou, tendo como diretor Francisco Carauta de Souza (?-1966) e Oésias Borba na função de redator chefe. A seção comercial era responsabilidade de J. Ribeiro. Nos números subsequentes, a direção recebeu as contribuições de Sylvio Leitão da Cunha (1907-1995), Murillo fontes e Francisco M. da Rocha.

 
Depois de tanta lucta foi-me afinal possivel publicar o presente 1º numero da REVISTA DE PETROPOLIS, embora ainda incompleto.

Assim sendo apresento-o aos petropolitanos pedindo que relevem qualquer falta que tenha sido escapada. Victima da  precipitação vulgar em todo o que é novo.

A Revista de Petropolis é propriedade de todos e com prazer acolherei os trabalhos, em prosa ou verso, que me forem enviados.

A publicação, provisoriamente será quinzenal.

Toda a correspondência deverá ser enviada para a Caixa Posta n.8 de Petropolis.

A coleção preservada na Biblioteca Nacional é composta por 29 exemplares, apresentando algumas falhas. A revista durou quase três anos, sendo o número 34, o último exemplar publicado, em julho de 1925.

O número avulso foi vendido por 400 réis, na capital do Estado do Rio de Janeiro e 500 réis nos outros estados. O valor cobrado para assinaturas anuais era de 10$000. Em outubro de 1923 o número avulso passa a valer 500 réis, sendo também majorado o valor das assinaturas. Publicou pequenos contos, piadas, crônicas e várias poesias.

A publicação vendia espaços consideráveis para propagandas. Dentre as muitas encontradas nas páginas da revista, destacamos: Teatro Capitolio, Gymnasio de Dansa, Pharmacia Petropolis, Café e Confeitaria d’Angelo, e Cervejaria Bohemia, além de uma série de lojas especializadas nos mais diversos artigos.

As capas da Revista de Petropolis são, em sua maioria coloridas, com ilustrações de Loius Vallet (1856-1940, pintor e ilustrador francês), Georges Pavis (1886-1977) e Alvarus (pseudônimo de Alvaro Cotrim, 1904-1985). Outras capas apresentam retratos de personalidades do mundo político, de artistas francesas ou de personagens do teatro brasileiro.

Os exemplares da Revista de Petropolis apresentam em média 30 páginas cada, praticamente todas ilustradas. Além das fotos e desenhos, pode-se ver também molduras e contornos para ornamentar os poemas.

Como particularidade do processo de armazenamento das publicações, cabe observar o carimbo de propriedade colocado nas capas. No caso do carimbo encontrado nessa publicação lê-se: “Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro – Cont. Legal – 4ª Secção”. A quarta seção era a denominação que recebeu a atual Coordenação de Publicações Seriadas, de acordo com o Decreto nº 15.670, de 06 de setembro de 1922, que tem em seu parágrafo primeiro: “A Bibliotheca Nacional comprehenderá uma secretaria e quatro secções, a saber: 1ª, de obras impressas; 2ª, de manuscriptos; 3ª, de estampas e cartas geographicas; 4ª, de publicações periodicas”.

Alguns colaboradores da Revista de Petropolis são: Alberto de Oliveira, Alfredo Brêda. Alzira Costa, A. da Costa e Silva, Belmiro Braga (1872-1937), Custodio Dias Nogueira, Francisco C. de Souza, Francisco V. Cardoso, Oscar Cruz, Segismundo e Dr. Sorumbatico. A seguir, para ilustrar, um poema, assinado por Carauta de Souza, o soneto “Bocca”..

 

Bocca 

Bocca sublime que augurei outr’ora! Rosa em botão, de celestial odôr!

Foste singela, apaixonada flor,

E em murchecida eu te comtemplo agora!

 

Que é da ventura que te ouvi propor?...

E essa paixão infinda onde é que mora?!... Tudo esqueceste!... Esquecido embora, Revivo em rimas meu sincero ardor!

 

Adeus boquinha meu divino encanto; A tua fuga consagrou-me ao pranto; Leva comtigo esta saudade e dor!

 

Leva comtigo todo o meu desejo! Leva comtigo um respeitoso beijo!

Leva comtigo um desgraçado amor!

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