BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Mocidade: jornal litterário e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
Mocidade: jornal litterário e recreativo foi um periódico publicado em Fortaleza, capital do estado do Ceará, no ano de 1876. No acervo da Biblioteca Nacional constam apenas dois exemplares, o número 5, publicado no dia 30 de abril de 1876, e o número 11, de 23 de junho daquele ano.

Os dois exemplares apresentaram subtítulos diferentes e suas capas foram diagramadas também de maneira diferenciada. Num primeiro momento, pode-se supor não fazerem parte da mesma coleção. Mas, com a pesquisa e um olhar mais atento, é possível afirmar que os dois pertencem ao mesmo título.

Como ponto comum, pode-se citar a epígrafe que ambos apresentam logo abaixo do título: Sans lumiere point de vie. Uma citação do dramaturgo alemão Georg Büchner, que pode ser traduzida por Sem luz sem vida.  Outro ponto semelhante é que ambos foram impressos pela Typographia Cearense.

O número 5 apresentou-se com 4 páginas, cada uma delas com três colunas, separadas por um fio simples. O editor responsável foi Henrique Pereira de Avila, informava ser publicado aos domingos, portanto, com periodicidade semanal.

O número 11 recebeu outro subtítulo: publicação quinzenal: trata de lettras. Apresentou-se com 8 páginas, divididas em duas colunas, separadas por um fio simples. Os redatores foram Rodolpiano Padilha (1853-1917) e Antonio Martins e informava que a periodicidade seria quinzenal.

Era hábito entre os editores de periódicos da época, enviar para seus pares um exemplar de cada fascículo lançado. Isso gerava uma cadeia de informações, visto que todos os editores que recebiam um novo título ou um novo exemplar, noticiavam o fato e retribuíam com suas publicações. Com Mocidade não foi diferente.  Na seção “Revista” é compartilhado com os leitores as publicações recebidas, acrescido de pequeno texto com as características da publicação. O número 11 acusa o recebimento dos seguintes títulos: A Sentinela, A Republica e A Republica das lettras, de São Paulo. O Apóstolo e Jornal da famílias da corte. De Campos, O Monitor campista, da Bahia, O Alabama, de Alagoas, A Palavra. De Recife, A Lucta e Correio da tarde. Da Paraíba, A Crença e do Rio Grande do Norte, O Liberal e Correio do Assu.

Segue com a notícia do lançamento do livro “Sonhos de moço” de Antonio Bizerra de Menezes (1841-1921), e um excerto de um dos poemas publicados no livro.
Sob o título acima acaba de sahir á luz um volume de poesias, escripto pelo Sr. Antonio Bizerra de Menezes, um dos mais talentosos filhos de nossa província.

O apparecimento de um livro de tal natureza, n’uma época em que o interesse pecuniário vai subjugando as mais nobres faculdades humanas, não deixa de ser um facto extraordinario para alguns, ao passo que é um motivo de justo regosijo para os amigos das lettras pátrias [...]

É o que tem por titulo – Deus – o canto constante do poeta, que, depois de outras estrophes, conclue assim:

O ceu, a terra, o mar, a natureza

Reflectem sobre a face os brilhos seus,

- Poema immenso e lindo e sempre novo

Que inspira a cada estrophe o amor de Deus.

 

E eu cantor perdido ante os fulgores

Das graças que derrama aos filhos seus,

O quero e amo e louvo em pobres cantos,

E o canto meu constante é sempre Deus!

 

Colaboraram nos dois exemplares do periódico Mocidade, A Martins, A. Sussuarana, Icilio Claudio, José Galleano de Souza (?-1892), Licurgo, M. Gomes e Oriolo.

 

Parceiros