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Afonso Schmidt

por Maria do Sameiro Fangueiro

Afonso Schmidt nasceu em Cubatão, município do Estado de São Paulo em 29 de junho de 1890, e morreu em São Paulo em 03 de abril de 1964. Foi jornalista, escritor, dramaturgo, e participou ativamente da política brasileira. Filho de João Afonso Schmidt e de Odília Brunckenn Schmidt. Por volta de 1904, a família foi morar em São Paulo, mais precisamente no bairro do Brás. Aqui, Afonso iniciou seus primeiros estudos no Grupo Escolar do Brás, e mais tarde, no Grupo Escolar do Oriente. Segundo Raimundo Menezes, seu interesse pelo jornalismo surgiu ainda criança, aos 12 anos, quando “compôs e imprimiu jornaizinhos, que não tinham leitores, a não ser pessoas da casa”. Desde então, Afonso passou a idealizar suas primeiras aventuras jornalísticas.


Aos 16 anos, iniciava sua trajetória como escritor publicando com Oduvaldo Viana (1892-1972) o semanário literário Zig-Zag. Antes, entretanto, já colaborava com alguns jornais da cidade. Neste mesmo ano (1906) viajou para a Europa. Na época contava somente com a ajuda financeira de seu pai. Nesta aventura, primeiramente, foi para Lisboa e depois seguiu para Paris. Tempos depois volta ao Brasil fixando-se em Santos, onde funda o periódico Vésper. Em 1911, publica seu primeiro livro de poesias, intitulado Janelas Abertas.


Em 1913, pela segunda vez volta à Europa, e desta vez vai para Milão. Lá consegue emprego em um jornal como correspondente em língua portuguesa. Permanece em Milão por apenas três meses. Volta para o Brasil, e mais uma vez se estabelece em Santos. Mais tarde retorna ao Rio de Janeiro tornando-se diretor do jornal Voz do Povo da Federação Operária, periódico de tendências esquerdistas, no período entre 1918 e 1924.


De volta para São Paulo, trabalhou nos jornais Folha de São Paulo e no Estado de São Paulo. Foi na Folha que publicou, como folhetim, os romances A Sombra de Julio Frank, Zanzalá e A Marcha, este fazendo referência à abolição.


A obra de Schmidt é extensa e marcada por romances no qual fala sobre lutas sociais e política nacional. Em A Locomotiva escreve sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.  Foram mais de 40 livros publicados, dentre os quais destacamos: O Menino Filipe (romance), A Vida de Paulo Eiró e São Paulo de meus Amores (crônicas), O Tesouro de Cananéia (contos) e A Primeira Viagem (autobiográfico).


Ganhou o Troféu Juca Pato, em 1963, como sendo o intelectual do ano. Patrono da cadeira 138 do  Instituto Histórico e Geográfico de Santos, e membro da Academia Paulista de Letras ocupando a cadeira de nº 10 cujo patrono é Cesário Mota Jr. (1847-1897).


É autor do poema a seguir:


 

Na Garoa


Vem despontando a roxa madrugada,
Num escrinio de jóias e sorrisos.
Meditam lampeões como Narcisos
Que se miram nas poças da calçada.

Fecharam-se os nocturnos paraizos.
Uma porta metallica, ondulada,
Escorre com estrondo. E depois, nada.
Nada, naquelles bêccos indecisos.

Passam no largo os derradeiros autos.
Vultos encapotados, chegam cautos,
Batem e chamam: — Margarida, Sônia.

Numa veneziana mais opaca,
Sonha em silencio a ultima polaca,
Na nostalgia branca da Polônia.

Em: O Sacy, anno1,n.6,fev. 1926

http://memoria.bn.br/pdf/720208/per720208_1895_00001.pdf

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