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O Periodico da juventude: jornal litterario e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
O Periodico da juventude: jornal litterario e recreativo foi lançado no Rio de Janeiro no dia 15 de maio de 1861. Acrescido ao título, consta a informação: propriedade da Sociedade Gremio Litterario Fluminense. Foi impresso pela Typographia de Domingos Luiz dos Santos, localizada na rua Nova do Ouvidor, nº 20.

Ainda no cabeçalho, logo abaixo do título, em negrito, está a informação “publica-se 4 numeros por mez”, entretanto observa-se que a publicação não foi semanal. Os números 2 e 3 foram publicados em 1º e 15 de junho, respectivamente. O quarto fascículo no dia 30 de junho e o número 5 no dia 15 de julho. Os números 6 e 7 saíram com intervalo semanal, retornando a intervalo quinzenal no número 9, quando encerra a publicação.

O Periodico da juventude foi diagramado em coluna única, e não apresentou ilustração. Os primeiros artigos de cada fascículo iniciam com letra capitular. Quanto ao número de páginas, os dois primeiros exemplares foram publicados com 4 páginas e, a partir do número 3, passam a ter 8.

A seguir, algumas palavras retiradas do editorial, onde pode-se observar uma crítica à desigualdade social, e o acesso à educação. Já naquela época, o acesso à educação de qualidade era apenas para determinada parcela da população.

Desde já prevenimos aos nossos leitores, que os nossos trabalhos serão rudes, humildes e destituidos desses estylos pomposos, só proprios de intelligencias superiores; por isso que sendo não somente as nossas intelligencias acanhadissimas, mas ainda dispondo de limitadissimos recursos, não poderemos, ainda que com bastante pezar nosso, apresentar desses trabalhos altamente illustrados; porém os desejos que nutrimos em consagrar algumas horas, que podemos dispôr longe de nossas occupações diarias, no estudo das Lettras, foi o único motivo que nos induzio a reunirmos e publicarmos os nossos trabalhos.

Será este – jornal – filho da juventude e só para a juventude; porque na nossa humilde opinião entendemos que se deve ter toda a solicitude na educação da mocidade; porque é na mocidade que se preparão os Cidadãos. [...]

Mas no nosso paiz assim não acontece, só á um limitado grupo de filhos da Fortuna é licito tudo... [...]

Assim tem-se tornado necessario de nós mesmos adquirir algum desenvolvimento intellectual; mas como conseguir? Só estabelecendo entre nós o presente jornal, onde manifestemos nossos pensamentos.

O excerto do editorial apresentado acima – sua íntegra pode ser lida na página da Hemeroteca Digital, - informa que a publicação foi pensada para divulgar sobre o estudo das Letras.  Em alguns textos publicados, pode-se ler sobre a indignação de seus editores a um tema que até hoje envergonha a todos nós: a escravidão. Demonstram um sentimento nacionalista, romantizado. Quanto à religiosidade, a fé católica é observada como norte de alguns textos.

De acordo com os responsáveis, pel’O Periodico da juventude, então jovens estudantes, pretendiam levar instrução e diversão saudável a seus leitores, também jovens, que se tornariam cidadãos responsáveis e estudiosos.

Publicou crônicas, poesias, charadas, piadas, folhetim, notícias sobre o dia-a-dia da Corte, contos e romances, quase sempre em capítulos que continuavam na edição seguinte. Colaboraram nas páginas da publicação Gregório d’Almeida, Mendonça, C. Thompson Junior e Noya Junior. Alguns autores que colaboraram com o periódico se identificaram apenas com as iniciais do nome. Por exemplo, um autor que se identifica como R. é o responsável pelo poema intitulado “Canção”.


Canção

Se a teus olhos peço a vida
Porque assim baixa a fronte?
Bella, eu sou a urze abatida,
Tu a fonte.

Se em teu seio amo o repouso,
Porque o abafas no arminho?
Bella, eu sou a ave sem pouso,
Tu o ninho.

Se te abraço delirante,
Porque me afastais irosa?
Bella eu sou o musgo amante
Tu a rosa.

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