BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

O Arrebol: orgam de literatura infantil

por Maria Ione Caser da Costa
A coleção preservada na Biblioteca Nacional de O Arrebol: orgam de literatura infantil, inicia em 24 de fevereiro de 1918, no número 8, correspondendo ao quarto ano de publicação. Foi lançada em Teresina, capital do estado do Piauí. Logo abaixo do título, no exemplar acima citado, consta informação de “nova phase”. Os fascículos seguintes aparecem como “publicação eventual”, portanto sem periodicidade definida.

Antonio Prado de Moura, também conhecido como Pintassilgo, foi o redator- proprietário, e Miguel Pereira Nemes, o redator-gerente, que contavam com diversos colaboradores, dentre eles estava Gabriel Soares. O responsável pela impressão foi B. Fonseca.

A “nova phase”, que teve início em novembro de 1914, foi a terceira fase de O Arrebol. O título publicou até julho de 1925, tendo apresentado alguns hiatos durante alguns períodos. De acordo com pesquisas, a primeira fase aconteceu em 1859 e esteve sob a responsabilidade do jornalista David Moreira Caldas (1836-1879). A segunda fase teve início em 1904 e a agremiação Bando Literário Romeiros do Futuro foi a responsável pela publicação. Não constam do acervo da Biblioteca Nacional nenhum exemplar das duas primeiras fases.

O Arrebol não apresentou valor para venda avulsa. O valores das assinaturas para a capital eram de $700 a trimestral, 1$200 a semestral e 2$000 a anual. Para os outros estados os valores das assinaturas eram de 1$500 e 2$000 para semestral e anual respectivamente.

Na falta dos primeiros exemplares da coleção, não é possível transcrever o editorial de lançamento, ou mesmo indicar a programação que os editores pretendiam seguir. Mas pode-se afirmar que O Arrebol teve como tema a literatura, além de noticiar os acontecimentos da época.

A partir do número 15, de 16 de abril de 1922 a publicação muda o subtítulo para litteratura, humorismo, noticiário.

Vários poemas e artigos são encontrados nas páginas de O Arrebol, assinados por colaboradores diversos, dentre eles, João Pinheiro (1860-1908), Coelho Neto (1864-1934), Rui Barbosa (1849-1923), Afonso Celso (1860-1938), Alberto de Oliveira (1857-1937), Guerra Junqueiro (1850-1923), Liev Tolstói (1828-1910), Machado de Assis (1839-1908), Olegário Mariano (1889-1958), Padre Antônio Thomaz (1868-1941) e Anatole France (1844-1924). A seguir um soneto de Mário Bento (1906-?), com o título “Mãe”, que foi homenageado dando nome a uma rua na capital piauiense: rua Poeta Mário Bento,

 

Mãe

No teu olhar piedoso, meigo e brando,

Diviso a luz divina e bem sentida,

Que meus incertos passos vae guiando,

Na estrada longa desta curta vida.

 

És meu pharol e minha estrella. Quando

Na Lucta sinto a dôr de atroz ferida,

E encontro espinhos vís, meus pés sangrando,

És tu, oh Mãe, oh minha Mãe querida,

 

Que a magua me confortas com teu pranto!

O teu amôr é tão divino e santo,

Que em versos não traduzo e nem descrevo...

 

Mas sei sentir somente dentro d’alma

A luz do teu olhar, serena e calma

E a luz do amôr da vida que eu te devo!

Parceiros