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A Phenix: orgam critico e litterario

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico A Phenix: orgam critico e litterario foi editado em Curitiba, capital do estado de Santa Catarina no dia 10 de agosto de 1907.

Circulava somente entre os assinantes, cuja assinatura poderia ser mensal ou trimestral, conforme a vontade do interessado, e mediante pagamento adiantado dos valores de 300rs ou 800rs, respectivamente, ao período escolhido.

Num longo editorial assinado por “Nós”, estão delineados os caminhos traçados por quem idealiza e torna realidade a confecção de uma publicação periódica. Eis parte do texto:
Quando surge um novo jornal, por mais modesto que elle seja, occorrem logo muitas perguntas: qual o seu fim? – o que pretende?  - será um amigo? – um inimigo? – como deseja encarar os factos? – e outras semelhantes.

Vamos, pois, procurar satisfazer o melhor possivel.

O nosso fito ao encarregarmo-nos da publicação deste jornalzinho, é desenvolver em nossos jovens patricios o gosto pelas letras bem como por todos os ramos da sabedoria humana, publicando pequenos e despretensiosos trabalhos que são apenas as primeiras sementes lançadas e que talvez mais tarde germinarão, carregando-se de fructos.

Assim prestamos, suppomos nós, um insignificante mas assim mesmo apreciado apoio á mais nobre de todas as causas – a da instrucção dos futuros cidadãos que constituirão a Nação Brazileira de amanhã.[...]

O nosso jornalzinho é um orgam de estudantes moços e cheios de confiança no ridente porvir da região amada que nos serviu de berço, e como tal, estamos sempre promptos a defender os direitos da classe estudantil de qualquer ponto que se nos dirigirem appellos que forem de justiça. [...]

São estas as satisfações que achamos justo dar ao illustrado publico, julgando termos dito tudo que tivemos em mira, e como simples principiantes, perguntamos como o orador Phoncion (com quem, nem de longe, pretendemos ser semelhantes): Ter-nos-ia escapado alguma tolice?

Logo abaixo do título a informação que A Phenix não tinha um endereço fixo de redação. A nota aparece nos quatro primeiros exemplares. No acervo da Biblioteca Nacional estão preservados os sete primeiros números. A partir do quinto exemplar estão informados dados relevantes sobre a publicação, como o endereço da redação: rua Commendador Araujo, nº 25 e os nomes dos responsáveis: Julio Cesar Hauer (1893?-1958), na função de redator chefe e Hastimphilo Rebello de Loyola como redator gerente.

A partir deste quinto número a publicação começa também a vender assinaturas anuais pelo valor de 3$000 e o editorial informa que houve uma alteração na propriedade e na redação do periódico. Os proprietários passam a ser Lycio Velloso e Eduardo Chaves.

Com quatro páginas, cada uma delas dividida em três colunas separadas por um fio simples. Uma nota ao pé da quarta página informa que “a quarta pagina do nosso jornal será exclusivamente destinada á traducções de Francês, Inglês, Latim, Allemão, etc.”

Publicação quinzenal, em suas páginas podem ser encontradas biografias, notícias gerais, poesias, críticas diversas em tom jocoso e o folhetim “Christovão Colombo e a descoberta da América” por J. P. Lemoyne. Alguns dos colaboradores de A Phenix são H. Loyola, A. F. Santos, Chilonidas, Frederico Ribeiro, Leão Filho, Arnaldo Claudio e Meirelles d’Antão.

O último fascículo que está no acervo da Biblioteca Nacional é o de número 7, publicado no dia 15 de novembro de 1907, está incompleto, faltando a última página. A seguir um soneto de Borges Netto com o título “Minha crença”.

 

Minha crença

Dizer, neguei-te a crença que seguia,

Quando a sós conversavamos na sala,

Mas insististe na pergunta, - fala,

Dizias-me baixinho co’alegria.

 

Mil ameaçaz fizeste co’a poesia,

Dessa harmonica voz, que como escala,

De um afinado piano, nos embala

Nessas emanações de symphonia.

 

Depois, falei, subiu teu sangue ao rosto,

Scintillaram teus olhos como espelhos

E cerraram-se os labios teus vermelhos.

 

Mas que tinha eu te dito que desgosto

A ti causasse ó delicada flor?

Talvez, que a minha crença é nosso amor.

 

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