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O Porvir: periódico litterario e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
O Porvir: periódico litterario e recreativo teve seu lançamento, possivelmente em maio de 1889, no Rio de Janeiro. A imprecisão na informação da data do primeiro exemplar se deve pela ausência do mesmo. A coleção preservada na Biblioteca Nacional inicia com o número 3, de 22 de julho de 1889, seguida pelo número 7, publicado quase um ano depois, em 15 de junho de 1890, e os números 10, 11, 12, 13, 16 e 20, todos no ano de 1890. Os exemplares podem ser consultados na Hemeroteca Digital. Não se tem notícias da continuidade ou não da publicação.

Foi impresso pela Typographia de J. Barbosa & C., localizada na rua da Ajuda, nº 31. Publicação mensal, aceitava subscrições de assinaturas trimestrais com valores diferenciados para a corte e as províncias. Para aquela, era cobrado um valor de 500 réis e, para estas, 600 rs. As assinaturas deveriam ser solicitadas com pagamento adiantado, no endereço da redação, rua Therezina D 1, Santa Thereza. A partir do número 7 o endereço muda para rua Oliveira Rosario.

Os redatores de O Porvir foram Gregório Garcia Seabra Júnior, Julio de Lemos e Silva e José Nunes de Oliveira Barbosa Junior.

Cada exemplar com quatro páginas e cada uma delas diagramada em duas colunas, separadas por um fio simples. O primeiro artigo de cada exemplar inicia com letra capitular, adornada com muitas flores. Uma única ilustração aparece na capa do número 7, publicado no dia 15 de junho de 1890: o busto de Camilo Castelo Branco. O Porvir o homenageia, no mês de sua morte: “Portugal pranteia a perda que acaba de experimentar e o seculo XIX assiste ao ingresso de seu grande nome nos annaes da historia”.

Com a ausência do exemplar de lançamento, não foi possível destacar aqui o programa de O Porvir. A descrição das seções que aparecem em suas páginas é a seguinte: “Expediente”, onde são apresentadas as condições para assinatura do jornal. “Saudações”, “Secção Charadista” e “Correspondência”.

O Porvir apresenta uma leitura agradável, com várias crônicas e poesias, trazendo também algumas notícias banais e cartas a conhecidos, utilizando linguagem romanesca e brincalhona. Exalta a figura de D. Pedro e de Abraham Lincoln.

Alguns colaboradores que aparecem em suas páginas, além dos redatores são, Gil Braz, Marques de Sá, Paulo Kunhardt (1867-?), O. Barbosa Junior, Souza Neves, Anisio Polari, Ataliba Reis e Teixeira de Mello. A seguir o soneto de Moraes e Silva (1832-1896) intitulado “Ser ou não ser” publicado nas páginas de O Porvir.


Ser ou não ser

Ser ou não ser: que vale a mizeravel vida
Por mais que seja o peito alevantado e forte;
E a liberdade, quando apenas pela morte
D’esta prisão do inferno havemos ter sahida?

Ser: de onde nos viria esta alma envilecida
Que vive eternamente a combater a sorte?
Não ser, fôra melhor; pois do mundo o transporte
Não vale tanta dôr, não vence tanta lida.

Fosse o homem: eterno, a eterna ignorancia
Cresce cada vez mais quanto cresce o saber;
E a velhice parece a loucura da infancia.

Ser é do nada vir para depois morrer;
E embora a vida seja a alegria e a abundancia,
P’ra tornar a não ser será melhor não ser.

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