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Atílio Milano

por Maria do Sameiro Fangueiro
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Atílio Milano, poeta, professor, nasceu no Rio de Janeiro em 24 de maio de 1897 e morreu em 20 de setembro de 1955. Nasceu em uma família de músicos, seu pai Nicolino Milano, era musicista e maestro, e sua mãe Corina Milano, professora de piano, seu irmão Dante Milano (1899-1991),  poeta e tradutor.


Estudou arte dramática na Escola Dramática do Rio de Janeiro. Foi membro da Academia Carioca de Letras. Frequentava o Café Belas-Artes, no centro, que, com seus saraus e rodas de literárias, atraia escritores e intelectuais, movimentando a vida da cidade. O local era frequentado por escritores como Gomes Leite (1879-1958), José Geraldo Vieira (1897-1977), atores como Procópio Ferreira (1898-1979) e jornalistas como Carlos Rizzini (1898-1972).


Colaborou com periódicos importantes de sua época, como O Malho, Fon-Fon e Revista da Semana. Compôs as músicas “Vovô e vovó” e “Quando te vi” em parceria com Vicente Celestino (1894-1968), ambas de 1930.


Seu primeiro livro, Poesias, é de 1927. Posteriormente, publicou Livro da verdadeira dúvida (1933), Poesias escolhidas (1937), Todos os poemas (1942), Poemas (1949) e um novo livro de versos intitulado Poesias (1955).


Por sua versatilidade em escrever foi considerado um escritor “extremamente variável em sua obra”. É de sua autoria “O insepulto”, poema encontrado nas páginas do periódico, Boneca:


 

O insepulto


Eu tenho um Christo de marfim, na sala,
com tal arte esculpido no marfim,
tão pallido, tão triste, que até fala
com os olhos d’uma dor que não tem fim:


“Homem! A minha angustia não se eguala;
eu trago tanto fel dentro de mim!
Morri para remir-te e nem assim
mereço o ultimo allivio d’uma valla!


E dei a vida para dar-te vida!
Tenho o corpo chagado, a alma ferida!
A humanidade? Eu não pude salval-a,


morri por ella! E agora ainda por fim
crucificam-me em cruzes de marfim,
entre as quatro paredes d’uma sala!...”


Em: Boneca, ano 1, n. 2, jul. 1928.

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