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Recreio literário: orgam do Gremio Literario do Gymnasio de S. Bento

por Maria Ione Caser da Costa
O periódico Recreio literário foi lançado em São Paulo, possivelmente em julho de 1910. Recebeu o subtítulo de orgam do Gremio Literario do Gymnasio de S. Bento, instituição responsável pela publicação.

O Gymnasio de São Bento iniciou suas atividades em 1903, e em 1943 passa a se chamar Colégio de São Bento. Uma instituição com mais de cento e vinte anos no cenário educacional, na cidade de São Paulo.

A coleção preservada na Biblioteca Nacional inicia com o número 2, de agosto de 1910 indo até o ano 3, números 5/6 de outubro/novembro de 1912. Para consultar esse título é necessário estar presencialmente a Coordenação de Publicações Seriadas, pois o título ainda não foi digitalizado.

A responsabilidade pela impressão do Recreio literário foi a Tipografia Poçai & Weiss, que estava localizada no Largo do Arouche, na capital Paulista. A partir do ano 3, número 3, de junho/julho de 1912, passa a ser impresso pela Typographia Progresso de Henrique Scheliga & C., situada na rua Brigadeiro Tobias, número 51. Os redatores foram Alfredo de Souza Aranha, Milciades de Luné Porchat e Marcel T. da Silva Telles, todos alunos do Gimnasio de São Bento. A cada novo ano escolar, os alunos se revezavam na responsabilidade redacional.

O número avulso de Recreio literário foi vendido por 300 réis, não apresentando valor para assinatura. Cada exemplar com uma média de vinte páginas, e cada uma delas dividida em duas colunas. Em todas as páginas são encontradas vinhetas ou cercaduras separando os artigos.

Publicou os discursos proferidos no Gremio Literario do Gymnasio de S. Bento, alguns resumos das aulas que os alunos recebiam em sala, como por exemplo: “Synopse historica da literatura portuguesa” ou “Lyricos brasileiros”. Publicou também crônicas, poesias e humorismo, na seção intitulada “Iscas e Faíscas”.

Além dos redatores, colaboraram também nas páginas de Recreio literaio, Assis Ribeiro, Euclydes Rocha, J. Maria, Olivedo, Vicente de Barros Filho, dentre outros. A seguir o soneto “Saudade...” assinado por J. Maria.


Saudade...

Quando diviso um raio luminoso
Do amortecido sol deixar a terra,
Eu sinto que em minh’alma inda se encerra
A saudade de um dia destitoso.

Dia do estreito abraço affectuoso
Que te dei ao sopé d’aquella serra,
Ao te deixar feliz em tua terra,
Para seguir caminho duvidoso.

É a lembrança melhor de minha vida
Esse abraço de nossa mocidade,
Esse dia de nossa despedida.

E agora que estou de ti distante,
Inda sinto essa grande e atroz saudade
Invadir-me este peito delirante.

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