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Alba Valdez

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Alba Valdez, pseudônimo de Maria Rodrigues Peixe, nasceu em São Francisco de Uruburetama, atual Itapajé (CE), em 12 de dezembro de 1874 e, faleceu em 05 de fevereiro de 1962 no Rio de Janeiro. Filha de João Rodrigues Peixe e de Isabel Alves Rodrigues Peixe. Foi professora, escritora, e lutadora pela causa feminista.


Seus pais se mudaram para Fortaleza em 1877. Na capital cearense, começou seus estudos na escola pública Isabel Teófilo Spinosa, mais tarde entrou para a Escola Normal do Ceará formando-se professora em 1889. Seu primeiro emprego foi no Grupo Escolar de Fortaleza. Por seu empenho e dedicação efetivou-se como professora até se aposentar, o que aconteceu em 1921. Paralelamente a este trabalho, Alba Valdez embrenhou-se pelos estudos literários, pela vida cultural e política de sua cidade, dedicando-se ao jornalismo, fazendo palestras e colaborando em jornais e revistas da época. Lutou pela emancipação feminina e pelo direito ao voto, numa época em que o preconceito gerava muitas barreiras aos direitos da mulher. Em 1904, que fundou a primeira agremiação literária chamada Liga Feminista Cearense, que com outras companheiras lutavam pelo desenvolvimento cultural e pelos direitos da mulher na sociedade cearense.


Em 1901, escreveu seu primeiro primeiro livro intitulado Em Sonho, coletânea constituída de crônicas, contos e textos em prosa. Alguns textos deste livro foram traduzidos para o sueco, e, para o francês. O conto intitulado A Carta, foi publicado no jornal Le Matin, de Paris. Tempos depois, isto é, em 1907, lançou seu segundo livro, Dias de luz, cujo título relata episódios de sua infância e adolescência.


Foi membro do Instituto Ceará e da Academia Cearense de Letras. Tornou-se a primeira mulher a fazer parte desta Academia em outubro de 1937, quando ocupou a cadeira de número 22.

É extensa a lista de jornais e revistas no qual colaborou: Revista da Academia Cearense de Letras; Revista do Ceará (1905); Panóplia (1914); Diário do Ceará entre 1917-1919; Correio do Ceará entre 1921-1922; A Tribuna (1922); A Razão (1919); Unitário (1955); O Nordeste (1927); Jornal do Commercio (1930); Diário do Recife (1935); Iris de Porto Alegre (1920) e, O Lyrio, publicação de Recife, (1902). Foi homenageada ao ter seu nome dado a uma rua no centro de Itapajé, sua terra natal.


A seguir trecho de sua autoria publicado em O Lyrio.



Visão do crepúsculo


É sempre á hora merencória do cahir da noite,
aoaccenderem-se as primeiras
Estrellas, que ellaapparece para minha
Grande ventura, para minha suprema dor.
Cinge-lhe a fronte magestosa um diadema
De rosas brancas, as flores que mais amei;
Tem nos lábios divinos as canções ingênuas
E mimosas da minha infância e os hymnos
Triumphaes da minha mocidade.
Leve como uma sombra, deixando uma esteira
De luz onde passa,eil-a que se approxima,
Formosa e trágica, brandindo um pequeno
E precioso estylete que brilha na penumbra.
Um som eleva-se: é Ella que canta para me
Attrahir ao seu regaço avelludado e assassino;
É ella, a sereia, que me chama para o seu amor fatal.
Que doçura mystica encerra sua voz!
( ... )


Em: O Lyrio: revista mensal, anno 2, n.9, jul.1903

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