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O Porvir: orgam do Club Juvenil

por Maria Ione Caser da Costa
 O Porvir: orgam do Club Juvenil foi impresso pela Typographia do Commercio, que estava localizada na “rua do Rozario”, nº 3, no estado de Goiás. Os exemplares existentes na Biblioteca Nacional são os números 3, publicado em 7 de fevereiro de 1882 e um outro fascículo, publicado no dia 13 de outubro daquele ano. Pela acidificação do papel e por pequenos danos ocorridos em algumas páginas pela passagem do tempo e/ou manuseio indevido, não é possível identificar com precisão o número do fascículo.

A ausência do exemplar de lançamento também não nos permite conhecer o programa do periódico. A leitura atenta do conteúdo publicado em O Porvir, dá conta de que seu lançamento ocorreu no dia 1º de janeiro de 1882 e foi mais um título que se dedicou ao estudo e a propagação das letras, mesmo com todas as dificuldades inerentes à distância, no longínquo interior do Brasil, nos oitocentos.

Como indicado no subtítulo, o Clube Juvenil é o responsável pela criação de O Porvir, e o exemplar de outubro apresenta algumas informações:

No dia 27 de Novembro de 1881, teve lugar a installação do CLUB-JUVENIL, o qual ficou compôsto de trinta socios. O seu fim principal éra crear um jornal, que tratasse dos bens da provincia em geral, e particularmente dos interesses da mocidade, tornando se inteiramente estranho á politica.
O CLUB-JUVENIL teve em seu começo bastante influencia; e subia a quatro e quatro os dourados degráus da escada da gloria, levando desfraldada a bandeira do progresso.

A criação de O Porvir se deu no ano seguinte à instalação do Clube, entretanto, em suas páginas, não aparecem os nomes dos responsáveis pelo periódico nem do Club-Juvenil.

A folha avulsa de O Porvir foi vendida por 250 réis, sua assinatura semestral valia 2$000 e a anual, 4$000. Um aviso, diagramado logo abaixo do título informava que “todas as correspondências, reclamações, anúncios etc. deverão ser dirigidos ao diretor, á rua 25 de abril nº 21.”

O Porvir publicou poesias, crônicas, charadas e um folhetim. Assinam os artigos: Alexandrino J. d’Azevedo, Alfredo de Barros, Elizeo V. G. d’Oliveira e Francisco A. de Faria. O poema selecionado para ilustrar, copiado a seguir, recebeu o título de “Poesia original”, e não apresenta autoria. É uma espécie de humor debochado, como são vários artigos na publicação.

Poesia original

Veio um dia ao Brazil um hollan 10
E comeu de uma vez tanto bisc 8
Que de cheio e repleto não 60
E faz por causa disso o diabo a 4
Dá-lhe logo um doutor tão forte 12
Que no ventre causou-lhe mil dessas 3
Então suplica o enfermo a um fran 6
Que era de seus lamentos triste ou 20
Que por graça a saúde lhe re 9
Pois elle a tinha forte como um br 11
E o sucio, escutando a voz do mi 0
A curar-lhe a molestia alfim 70
E curou-o mettendo-lhe o ca 7

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