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Iracema: periodico litterario e recreativo

por Maria Ione Caser da Costa
Iracema: periodico litterario e recreativo foi um semanário lançado no Rio de Janeiro em agosto de 1881. O único exemplar existente no acervo da Biblioteca Nacional é o número 2, que saiu no dia 15 de agosto, e pode ser consulado na Hemeroteca Digital.

Uma nota logo abaixo do título, informa que “publica-se 4 vezes por mez”. Não consta no fascículo valor para venda avulsa do periódico. Aparece apenas o valor para assinatura trimestral: 1$500 para a corte e 2$000 para as províncias.

O exemplar inicia com um artigo de agradecimento de seus redatores, “pela maneira delicada e animadora por que foi recebido o seu primeiro numero, não só por algumas das folhas diárias da côrte, como tambem pelos senhores assignantes”.

A falta do primeiro exemplar impede que se conheça o programa que os redatores, ou os responsáveis pela publicação, decidiram seguir. Mas, a partir do conteúdo do número 2, pode-se notar que Iracema é totalmente dedicado às letras, pois é composto por inúmeros poemas, coluna literária, além de um folhetim.

Os artigos e os poemas publicados são assinados apenas pelas iniciais do autor. Essa atitude aguçou a curiosidade dos leitores, pois no artigo inicial do segundo exemplar os redatores informam que os assinantes que receberam o primeiro exemplar “buscaram ansiosos decifrar as iniciaes das differentes publicações, atribuindo a diversos escriptores, segundo os seus estylos e vocações”.

O periódico Iracema, composto por quatro páginas, não apresentou ilustração. Cada página foi diagramada em três colunas, separadas por um fio simples. Foi impresso em tipografia que estava localizada na rua São José, nº 47, no centro do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil.

Na primeira página, há um folhetim intitulado “Iracema nos corredores” e uma seção com o título “Literatura”, e artigo que continua na página seguinte intitulado “Romeu e Julieta”. Nas duas páginas sequenciais estão várias poesias, todas assinadas com iniciais: A.Z., C.J., E.F., O.L. e A.C. Na última página estão as seções “Variedade”, que trata sobre moda e a seção “Cúmulos e charadas”, com adivinhações. A seguir o poema “A Mocidade”, assinado por A.Z.

A Mocidade

A mocidade tem encantos, cantos,
Sorrisos, risos de magia infinda,
Tem noites bellas de risonhos sonhos,
Amôres, flôres cada qual mais linda.

Tem a ternura de encantadas fadas,
Desejos, beijos de mimosa flôr;
É toda cheia d’illusões, canções,
De trôvas novas d’infinito amôr,

É vida cheio de segredos, medos,
De flôres, dôres, que não ha iguaes,
É linda aurora que sorrindo, rindo,
Desponta, aponta na mansão da paz;

Mas tudo finda, qual fumaça passa,
Da vida qu’rida não resta nada,
Nem risos meigos, nem risonhos sonhos,
Desejos, beijos de mimosa fada.

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