Periódicos & Literatura
< Voltar para DossiêsO Alfinete: orgão dos interesses da Parochia do Espirito Santo
por Maria Ione Caser da Costa
O Alfinete: orgão dos interesses da Parochia do Espirito Santo foi um periódico que circulou por um curto espaço de tempo no Rio de Janeiro. A imprensa imperial produziu um grande número de títulos, alguns por períodos efêmeros e outros cobrindo um espaço maior de tempo que o esperado para a época. Todo esse material se torna fonte e objeto de pesquisa.
Lançado no dia 17 de março de 1883, os exemplares de O Alfinete podem ser consultados através da Hemeroteca Digital. Além do primeiro já citado, o segundo que foi publicado no dia 31 de março (danificado, com rasgos que dificultam a leitura) e o número 3 de 15 de abril de 1883.
Não foram encontrados outros números nas pesquisas, O Alfinete teve uma vida efêmera, o que não o torna menos importante que qualquer outro título.
Publicação quinzenal, com redação localizada no número 10 da rua de São Carlos, localidade que era conhecida como Freguesia do Espírito Santo, e atualmente é o bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Foi impressa pela Typographia Particular do Espectador. Os exemplares não apresentam valor para venda avulsa. A assinatura trimestral valia 2$000 .
O Alfinete foi uma publicação abolicionista, de propriedade de J. de Andrade Netto. Seus redatores foram L. de Andrade Sobrinho, J. H. Carmo, M. J. Barreiros e J. Arantes Franco.
Antecedendo o editorial de lançamento, seu editor descreve algumas observações necessárias à existência da publicação. Dentre elas que considera a escravidão “uma instituição criminosa [...] e como tal não inserirá em suas columnas, qualquer publicação que tenda a peiorar a sorte dos escravos”, além de notas informando sobre os próximos fascículos a serem publicados. A seguir um excerto do editorial que ocupa três colunas na primeira página.
O Alfinete publicou em suas páginas, além dos assuntos arrolados no editorial, comentários sobre a precária situação de higiene que se encontravam as ruas do bairro, parabenizou os aniversariantes, folhetim, algumas poesias e anúncios classificados. A seguir o soneto “Aquarellas” de Palhares Ribeiro publicado nas páginas de O Alfinete:
Aquarellas
Estava escura a noite; no céo nem uma estrella. Debruçada á janella a velha Genoveva,
Naquella estupidez, envolta assim na treva Se contentava tanto por não poderem vel-a!
O D. Juan faceiro, batia com a bengala Nas pedras do passeio idealizando já... E ri-se de contente ao vulto da Yáyá:
Tinha no pensamento a audacia de beijal-a!...
Intrepido approxima-se e beija-a com fervor,
Mas nisto sente em cheio no delicado rosto
A prova mais sincera daquele santo amor!...
Escarra, espirra, tosse e vai dando topadas!...
A velha pelo engano lhe dera em troca, o gosto
Do seu futuro… genro, tomar umas pitadas!...
Lançado no dia 17 de março de 1883, os exemplares de O Alfinete podem ser consultados através da Hemeroteca Digital. Além do primeiro já citado, o segundo que foi publicado no dia 31 de março (danificado, com rasgos que dificultam a leitura) e o número 3 de 15 de abril de 1883.
Não foram encontrados outros números nas pesquisas, O Alfinete teve uma vida efêmera, o que não o torna menos importante que qualquer outro título.
Publicação quinzenal, com redação localizada no número 10 da rua de São Carlos, localidade que era conhecida como Freguesia do Espírito Santo, e atualmente é o bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Foi impressa pela Typographia Particular do Espectador. Os exemplares não apresentam valor para venda avulsa. A assinatura trimestral valia 2$000 .
O Alfinete foi uma publicação abolicionista, de propriedade de J. de Andrade Netto. Seus redatores foram L. de Andrade Sobrinho, J. H. Carmo, M. J. Barreiros e J. Arantes Franco.
Antecedendo o editorial de lançamento, seu editor descreve algumas observações necessárias à existência da publicação. Dentre elas que considera a escravidão “uma instituição criminosa [...] e como tal não inserirá em suas columnas, qualquer publicação que tenda a peiorar a sorte dos escravos”, além de notas informando sobre os próximos fascículos a serem publicados. A seguir um excerto do editorial que ocupa três colunas na primeira página.
Enceta hoje a sua publicação o nosso modesto “Alfinete”.
No meio da lucta rude da vida, pela vida por entre as aspirações convictas das algibeiras e a ancia incessante dos estomagos; na arena onde gladiam as paixões partidarias e mil interesses legitimos e illegitimos que se chocam em batalhas terríveis, muitos dos combatentes sucumbem roisos pelo desespero, á mingua de alegria, de refrigerio.
“O Alfinete” propõe-se a levar ao campo onde se debate a sociedade moderna, doente de nevrose, pallida e profundamente triste, a risada innocente e cristalina, como a agua limpidamente fresca com que se humedecem os labios de um moribundo febril. [...]
“O Alfinete”, além de folha de “ponta”, tratará, graças á sabia collaboração de alguns illustrados redactores que contratamos, de assumptos que mais de perto interessem o desenvolvimento moral e material do paiz, com cuja discussão larga e imparcial, muito lucrará a raça humana, com especialidade a dos paizes ensencialmente agricolas. [...]
E tratará de tudo... a rir! Commercio, artes, industrias, a rir! a rir!...
Litteratura, politica [oh! Politica!] a rir! a rir muito! sempre a rir!... com aquellas gargalhadas estrondosas de “Boileau”, satyrisadas num banho morno de “Piron”. [...]
Depois disto, veja o leitor si não vale a pena comprar “O Alfinete”. Uma folha catita, sempre jovial, que diz tudo quanto os outros dizem quase chorando...
E nunca está triste, nunca. (Triste! Cruzes!) Eia leitores... que [ilegível] preciso rir...
O Alfinete publicou em suas páginas, além dos assuntos arrolados no editorial, comentários sobre a precária situação de higiene que se encontravam as ruas do bairro, parabenizou os aniversariantes, folhetim, algumas poesias e anúncios classificados. A seguir o soneto “Aquarellas” de Palhares Ribeiro publicado nas páginas de O Alfinete:
Aquarellas
Estava escura a noite; no céo nem uma estrella. Debruçada á janella a velha Genoveva,
Naquella estupidez, envolta assim na treva Se contentava tanto por não poderem vel-a!
O D. Juan faceiro, batia com a bengala Nas pedras do passeio idealizando já... E ri-se de contente ao vulto da Yáyá:
Tinha no pensamento a audacia de beijal-a!...
Intrepido approxima-se e beija-a com fervor,
Mas nisto sente em cheio no delicado rosto
A prova mais sincera daquele santo amor!...
Escarra, espirra, tosse e vai dando topadas!...
A velha pelo engano lhe dera em troca, o gosto
Do seu futuro… genro, tomar umas pitadas!...