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Phenix: revista mensal da Sociedade Phenix Literária

por Maria Ione Caser da Costa
Phenix: revista mensal da Sociedade Phenix Literária teve seu lançamento em 1870 em “Campos dos Goytacazes”, interior do estado do Rio de Janeiro. Foi impressa pela Typografia Phenix, que estava situada na rua Direita, nº 78.

Na Hemeroteca Digital podem ser consultados dois exemplares, o número 2, publicado no dia 30 de setembro e o número 4, no dia 30 de novembro de 1870.

A responsável pela publicação foi a Sociedade Phenix Litteraria, que foi fundada no dia 20 de dezembro de 1868, e sua seção sua inaugural aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1869.

O princípio vital da Sociedade Phenix Literária era a instrução, e para tal era solicitado aos seus sócios, nas páginas da publicação, que fizessem doação de livros para a biblioteca. A revista registrou as listas de doadores que “desde setembro até esta dacta, têm concorrido com valiosas ofertas de livros para aumento de sua biblioteca”.

A diretoria da sociedade foi composta pelos senhores Jeronymo Joaquim de Oliveira (?-1890) e José Frederico de Freitas Junior como presidente e vice presidente, respectivamente. Os Secretários foram Antonio José Tavares e Joaquim da Silva Tojeiro. João Pereira de Castro foi o tesoureiro, Hermogenes de Bellido o bibliotecário e o vice bibliotecário foi José Mendes Duarte.

As assinaturas anuais valiam 6$000 em Campos e 8$000 para qualquer outra localidade do país, que deveriam ser adquiridas no endereço da tipografia. Não existe informação sobre o valor de venda avulsa da publicação.

Colaboraram na Phenix, AntonioTeixeira de Sá, Conselheiro Bastos, Eleuterio Lima, João de Loyola e Silva, Marianna Ritta Capistrano Barroso e T. de Mello,

Medindo 29cm x19cm os exemplares foram formados com 18 páginas cada, e as páginas divididas em duas colunas separadas por um fio simples. A revista é caracterizada por páginas sequenciais nos fascículos. Sua periodicidade é mensal.

Os textos apresentados variam entre contos, poemas e romance, publicado em capítulos. Das páginas de Phenix, um poema de Manuel da Graça Pereira Rouças com o título “Recordação”.

 

Recordação

Não te-lembras, virgem pura,

D’esses dias de ventura

Que junto de ti passei?

Não te-lembras, meu amor,

D’aquella linda flôr

Que sem dó eu desfolhei?

 

Não te-lembras, linda virgem,

Quando com louca vertigem

As tuas faces beijei?

Tu ficaste tão córada,

Tão confusa, envergonhada,

Arrependido eu chorei.

 

Não te-lembras d’aquelle dia,

Quando com louca alegria

Eu te-dice: - sou feliz?

Minha sorte está mudada,

Minh’alma de soffrer cançada

O contrario hoje te-diz.

 

É tão fundo o meu tormento,

Já o cruel desalento

De minh’alma se-apossou;

De todo perdi a crença

Só a fria indifferença

Para sempre me-ficou,

 

Perdi tudo n’esta vida

Só não sei, mulher querida,

Se tambem eu te-perdi...

De que serve o teu amor

Se nos abysmos da dôr

Minha crença cahir vi!

 

Tudo no mundo eu evito

Porque sou pobre proscripto

Sem ter fé, sem ter ventura!

Meu corpo dilacerado

Espera bem sossegado

A mansão da sepultura!

 

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