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Comedia: jornal theatral, humoristico, illustrado e litterario

por Maria Ione Caser da Costa
Comedia: jornal theatral, humoristico, illustrado e litterario foi um semanário lançado no dia 13 de junho de 1914, no Rio de Janeiro, publicado sempre aos sábados. Editado no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, pela Typographia de David G. B. Romagnoli, que estava localizada na Praça dos Governadores, nº 6, atualmente Praça João Pessoa.

O diretor do periódico Comédia foi Tancredo Lima. O secretário foi Octavio Quintiliano e a gerência estava a cargo de David G. B. Romagnolli.

Como enfatizado no subtítulo, a publicação apresentou muitas ilustrações em preto e branco, sendo que as localizadas nas duas capas (primeira e quarta), são coloridas, em tons de vermelho, branco e azul marinho.

Na capa também estão listados os nomes dos colaboradores e caricaturistas que participaram da publicação. Os colaboradores são J. Brito (José Angelo Vieira de Brito, ?-1954), Ataliba Reis (1872-?), Arlindo Leal (1871-?), João Barbosa (1899-?), Mario Nunes (1886-1968), Guilhermina Rocha (1884-1938), Eustorgio Wanderley (1882-1962), Durval de Brito, Marques Pinheiro (1881-1936), J. Osorio e Antonio Quintiliano (1882-?). Os caricaturistas foram Raul (Raul Paranhos Pederneiras, 1874-1953), Luiz (não identificado), Calixto (Calixto Cordeiro, 1877-1957), Fritz (Anísio Oscar Mota, 1895-1969,) e Wald (pseudônimo de Valdemar Costa).

Com o título “Comedia”, a publicação se apresentou ao público leitor em um pequeno editorial sem identificação de autoria.

 
Ao estrugir dos foguetes, ao bimbalhar dos sinos, ao rufar dos tambores, surge hoje a “Comedia”, desfraldando o estandarte da satyra.

Maneirosa e insinuante, na esperança de ser bem acolhida, nutre o desejo de conquistar a sympathia da população carioca.

Deixando de parte as allusões pessoaes, as criticas ferinas, a linguagem licenciosa, a “Comedia” apresenta-se visando apenas um fim:

- Fazer rir –

Para attingir, porem, a este escôpo, terá de certo de vencer serias difficuldades pois, não quer enfilleirar-se com alguns humoristas da epoca, que só sabem fazer espirito ferindo individualidades e, as mais das vezes conspurcando o santuario do lar.

Após este ligeiro cavaco, a guiza de artigo de raza o leitor lance as vistas sobre as outras paginas e desopile-se.

Segue o bond.......

O número avulso de Comedia podia ser adquirido pelo valor de 100 réis. As assinaturas na capital valiam 3$000 para a semestral e 5$000 para a anual, enquanto que para o exterior o valor cobrado era de 4$000 e 6$000, respectivamente.

A finalidade do semanário foi divertir seu leitor. Gracejos, piadas e chistes, são utilizados de várias maneiras, inclusive nas cenas apresentadas, sempre buscando o lado humorístico da notícia ou do fato acontecido. Publicou peças teatrais, contos, poemas, troças, mote e gloza, sempre em tom jocoso com temas voltados principalmente para o teatro.

A coleção da Biblioteca Nacional está formada pelos os cinco primeiros exemplares editados. O número cinco saiu publicado no dia 18 de julho de 1914. Não foram encontrados outros exemplares nas pesquisas realizadas em outras bibliotecas.

Cada exemplar possui oito páginas, diagramadas em duas ou três colunas, separadas por fio simples. Das páginas de Comédia, segue abaixo, o soneto intitulado “Esphinge” de Octavio Quintiliano.

 

Esphinge

Mudo, eu contemplo aquelle olhar parado, incerto,

De mystica tristeza occulta indefinida,

Com que as vezes a encontro, a scismar dolorida,

Como que acorrentada a um soffrer encoberto.

 

E fico a meditar, e contemplo de perto

Esse sêr que encarcera um’alma adormecida,

Immovel, desolada e em seu peito perdida,

Qual a esphinge de pedra em meio do deserto!

 

Por vezes ri, graceja, e logo, de repente,

Gela-se-lhe o olhar; o seu riso se empanna,

Voltando a meditar inexpressivamente...

 

E, triste, eu sem saber donde esse mal dimana,

Tendo sempre ante mim, inexoravelmente,

Essa estatua da Dôr, que só tem fórma humana!

 

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