BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Januário dos Santos Sabino

por Maria do Sameiro Fangueiro


Januário dos Santos Sabino foi professor, educador e escritor.  Não foi possível identificar com precisão, a data e o local de seu nascimento. Provavelmente teria nascido em 1836, no Rio Grande do Sul. Faleceu em outubro de 1900, no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de Ludgero dos Santos Sabino.


Em 1862, Januário, foi viver na Ilha de Paquetá. Ali sua intenção era de se tornar professor, nessa ocasião estava com 26 anos. E assim foi feito. Porém, no ano seguinte, pediria sua exoneração do cargo.


Em 1863, ao deixar Paquetá, foi morar na Corte. E foi na capital que ele e A. J. Fernandes de Oliveira se uniram para fundar o periódico O Cysne, publicação que apareceu em 15 de maio de 1864. Além das atividades de redação, exercidas pelos dois fundadores, Januário Sabino escrevia poemas e crônicas, usando os pseudônimos S. S. e  Ariojanu., que brincam como nome e sobrenome dele.


Januário dos Santos Sabino tem os documentos de sua vida funcional guardados no Arquivo Histórico da Cidade do Rio de Janeiro. Nos estudos sobre a história da educação seu nome é citado com freqüência. Sua atuação como educador foi dinâmica, publicou compêndios, foi diretor de escola, organizou efemérides educacionais, tornou-se consultor do Império. O reconhecimento pelos serviços prestados  lhe valeu o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa, condecorado por Pedro II.


Estas informações foram prestadas pelo professor e pesquisador José Cardoso de Andrade, frequentador da Biblioteca Nacional, e estudioso da Ilha de Paquetá.


Em1882, Januário organizou o livro intitulado Seleta Nacional, com obras de poetas e prosadores nacionais para ser utilizado nas escolas primárias.


Em Paquetá, o Colégio Estadual Augusto Rushi, homenageia Santos Sabino por ter sido o primeiro professor a lecionar para jovens e adultos, em um curso noturno, ao mesmo tempo em que dava aulas para crianças, no curso diurno. Em 2015, a Escola Municipal Pedro Bruno, na Praça São Roque, nesta ilha, inaugurou em seu portal uma placa comemorativa com seu nome.


É seu o poema Saudade, escrito sob o pseudônimo de S.S. em O Cysne.




Saudade 


Quando o sol já no poente
Perde o brilho, a côr desmaia,
E louca vaga gemente
Se desenrola na praia;

Quando alegre o colleirinho,
No galho da pitangueira,
Trina à beira do seu ninho
Doce canção feiticeira;

Quando a flôr n’haste pendida
Mais grato perfume exhala,
E a natureza sentida
Como que, cantando, falla:

Eu sinto minha alma, então,
Divagar na immensidade
Dos scismares da paixão,
Levada pela saudade;

Lembra-me o tempo encantado,
Que eu a teu lado passei...
Ah!... como então enlevado,
No teu amor me inspirei!

Minha vida que então era,
Arruinado jardim,
Transformou-se em primavera,
Teve rosas e jasmim;

E as ondas procellosas
Do mar de minha existencia,
Se acalmaram bonançosas,
Ao teu sorrir de innocencia;

Mas agora – ave sem ninho,
A doudejar no deserto,
Cego em busca do caminho,
Com passo tardio e incerto;

Lembrando esse momento
De tão venturosa idade,
Só encontro um sentimento,
Uma palavra – saudade!

Em: O Cysne, anno 1,n.1, maio 1864

Parceiros