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Álvares de Azevedo

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Manuel Antonio Álvares de Azevedo, ao longo de sua existência, tornou-se escritor e poeta. Nasceu na então província de São Paulo, em 12 de setembro de 1831, e morreu no Rio de Janeiro, em 25 de abril de 1852. Morreu prematuramente, não completando 21 anos. Filho de Inácio Manuel Álvares de Azevedo e de Maria Luísa Carlota Silveira da Mota Azevedo.


Em 1833, aconteceu de sua família transferir-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade fez seus primeiros estudos. Aos nove anos, foi matriculado no Colégio Stoll, educandário estabelecido em Botafogo. Com 11 anos, voltou a São Paulo, entretanto, no ano seguinte, voltou a morar no Rio de Janeiro. Ao retornar para esta cidade, ingressou no Colégio Pedro II. Aqui, teve como mestres, Gonçalves de Magalhães (1811-1882), ensinando filosofia, e Santiago da Silva Nunes, professor de história moderna e retórica. Após dois anos de estudos na instituição, recebeu o grau de bacharel em letras, equivalente ao ensino médio. Retorna a São Paulo em 1848, ingressando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.


Apesar de ter vivido pouco, deixou como herança poemas, contos, peças teatrais e ensaios, considerados fundamentais para a compreensão do romantismo brasileiro de estrato byroniano. Há notícias de que em 1852, ano de sua morte, ele teria organizado o livro Lira dos vintes anos, editado postumamente, em 1853, segundo consta no Dicionário Biobibliográfico de Membros da Academia Brasileira de Letras.


Raimundo de Menezes lembra que Azevedo “escreveu ensaios sobre George Sand e Musset”. O jovem poeta traduziu autores como Lorde Byron (1788-1824), com o poema Parisina, e Willian Shakespeare (1564-1616), o quinto ato da peça Otelo. Tornou-se um autor clássico da língua portuguesa, com sua obra permanecendo viva e atual.


Outras obras deixadas pelo autor são a peça teatral Macário, Noite na taverna (conto) e O Conde Lopo. Desde o final do século XIX, sua obra está reunida em edições completas.


Álvares de Azevedo é patrono da cadeira de n.2, da Academia Brasileira de Letras, e da cadeira de n. 9, da Academia Paulista de Letras.


No periódico Phalena encontramos o poema de sua autoria Se eu morresse amanhã!...


 

Se eu morresse amanhã!...


Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudade morreria,

Se eu morresse amanhã!


Quanta gloria presinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera, chorando, essas corôas,

Se eu morresse amanhã!


Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louca!
Não me batera tanto amor no peito,

Se eu morresse amanhã!


Mas essa dor da vida que devora
A ancia de gloria, o dolorido afan...
A dor no peito emmudecera ao menos,

Se eu morresse amanhã!


Em: Phalena,   anno 1,n. 6, fev. 1882

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