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Affonso Celso

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Affonso Celso de Assis Figueiredo Junior nasceu em Ouro Preto, MG, em 31 de março de 1860, e morreu no Rio de Janeiro, em 11 de julho de 1938. Era filho de Affonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto (1836-1912). Poeta, romancista, historiador, jornalista e professor catedrático, em 1876, aos 15 anos, publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado Prelúdios. Em 1880, formou-se em direito pela Faculdade de Direito de São Paulo. Foi fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 36, cujo patrono é Teófilo Dias. Com 20 anos, tornou-se deputado por Minas Gerais, sendo eleito por quatro vezes. Abolicionista e republicano, participou ativamente da política brasileira. Fundador do Jornal do Brasil, onde escreveu seus artigos por mais de trinta anos, colaborou também no jornal Correio da Manhã, pelo mesmo período. Escreveu em jornais e revistas, como A SemanaRepública e Almanaque Garnier. Em 1892, ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde foi eleito presidente perpétuo em 1912, cargo que ocupou até 1938. Em 1900, publicou Por que me ufano de meu país, livro que gerou grande polêmica, por se tratar do culto de amor à pátria, e lançando a expressão “ufanismo”, palavra usada até hoje. Outras obras do autor: Devaneios (1877), Telas sonantes (1879), Poemetos (1880), Poesias escolhidas (1904). Deixou publicadas obras de teatro, crítica, história, fez trabalhos jurídicos, conferências e discursos.


Arde, diante d´este pequeno altar erguido ás lettras, o lume da crença no alampadário da liberdade. Si a vestal que foi confiado é tíbia inspiração, humilde e sem belleza; si treme-lhe timidamente escassa a luz balbuciante: __ enfeitai, oh moços generosos, esse modesto sacrário com as pompas do vosso enthusiasmo; illuminai-o com a vossa fé, tornando-o digno engaste para o diamente do vosso espírito. […]


Apresentação de Direito e letras, ano 1, n. 1, ago. 1878.

 

Que pés!


A prima do meu amigo
Tem pés de tamanho tal.
Que não são pés, são perigo,
Não fazem bem, fazem mal.

Quando tu m’a apresentaste,
(Que maganão que tu és!)
Aposto que te enganaste,
Ou te fizeste de sonso.
Devias ter dito : “ Affonso,
Eu te apresento estes pés...”

Nem fumadores de ópio
Pés assim, podem sonhar;
Vou comprar um microscópio
Para os poder contemplar!...

Fosse eu tu, e quando andasse
Da multidão através
Diria a quem perguntasse :
“E’s primo daquella moça?...”
“ -- Della? Não... – Mas, como? – Ouça :
“Sou primo só dos seus pés!”

Que estes versos lhe não contem
Quando eu me sinto captivo :
São pés no diminutivo,
Parecem nascidos hontem.

São pequenos, são sympathicos,
Elles dous saltam por dez ;
Mimosos, homeopathicos,
Valem mais que o corpo acima.
Em summa : essa tua prima
É prima e prima nos pés!...

Em: O Album: orgam litterario e noticioso de uma sociedade anonyma de estudantes, anno 1, n.4,Nov. 1900

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