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A Escola: revista scientifica, litteraria e noticiosa: periodico quinzenal e propriedade do Gremio Normalistico

por Maria Ione Caser da Costa
Lançado na Bahia, em 7 de setembro de 1880, A Escola trouxe o subtítulo de revista scientifica, litteraria e noticiosa, acrescido da informação: periodico bimensal e propriedade do Gremio Normalistico. A partir do número 2 muda a periodicidade, “por termos que tratar de muitos pontos da Instrucção Publica”, passando o subtítulo a ser periodico quinzenal e propriedade do Gremio Normalistico.

Foi impresso pela Imprensa Econômica, que estava localizada no número 22 da rua dos Algibebes. Os nomes das ruas, costumeiramente se relacionavam com alguma atividade exercida no local. A rua dos Algibebes, como eram chamados os vendedores de tecidos baratos, permanece com o mesmo nome desde o tempo do império, e atualmente fica no bairro Comercio, em Salvador.

O redator chefe de A Escola foi Ezequiel Britto e os redatores foram Anisio Vianna, Leopoldo Reis e Argollo Castro.

A coleção da Biblioteca Nacional é composta pelos quatro primeiros fascículos, tendo o último saído a 27 de outubro daquele ano. O único exemplar já digitalizado e que pode ser consultado pela Hemeroteca Digital é o número 3, de 10 de outubro.

A assinatura mensal valia 500 réis e os interessados deveriam solicitar na redação de A Escola, que estava localizada na rua da Palma, casa nº 17, depois transferida para a rua do Carro, casa nº 116.

A seguir um excerto do editorial de lançamento da publicação, que não apresenta autoria:

 
Ao romper da brilhante e auspiciosa aurora de hoje vimos dar o primeiro passo na senda da publicidade. Nesse glorioso dia em que assignala-se o facto mais vantajoso para nossa individualidade – a nossa independência – nós como que despimos tambem os trapos do servilismo e vamos romper espaço por esse mundo d’além. N’esse caminho escabroso a despeito de tantos obstaculos temerosos animamo-nos a apresentar ao publico a nossa legenda: Nós etiam pro causa mostra pugnamus. [...]

Convergiremos toda a nossa attenção para o principio da filosofia moderna:

Instruir e educar um individuo é instruir e educar uma classe; instruir e educar uma classe é instruir e educar um povo; e instruir e educar um povo é instruir e educar a humanidade.

A frase apresentada como legenda da publicação, Nós etiam pro causa mpstra pugnamus pode ser traduzida por “Nós também lutamos pela nossa causa", e, a partir do número 2, aparece como epígrafe.

A Escola apresenta as seções “Sciencia”, “Secção livre”, “Litteratura”, “Noticiario” e “Annuncios”. Cada exemplar é composto por 16 páginas.

Medindo 25,5cm x 17cm, foi diagramado em duas colunas divididas por um fio simples. Todas as capas e contracapas foram produzidas em papel colorido (verde, amarelo, azul e rosa).

Um dos poemas publicados na seção Literatura, foi escrito por Anisio Vianna, com o título “Traços” e dedicado à Asterio Vieira.

 

Traços

É madrugada linda:

A onda beija a praia...

E a lua, que desmaia,

No mar se espelha ainda!

 

E ella está no mar

De frio enregelada,

Buscando – malfadada –

Allivio ao seu penar!...

 

E o rude pescador

Se acalma, se consola,

Buscando na viola

Allivio á sua dor!...

 

E é madrugada ainda!...

E a onda beija a praia!...

E a lua, que desmaia,

No mar reflecte ainda!...

 

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