BNDigital

Periódicos & Literatura

< Voltar para Dossiês

Bastos Tigre

por Maria do Sameiro Fangueiro

banner_personagens_011_bastos_tigres


Manuel Bastos Tigre, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre, nasceu em Recife, PE, em 12 de março de 1882, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2 de agosto de 1957. Jornalista, poeta, humorista, compositor, bibliotecário e publicitário. Quando jovem, seu talento literário já era conhecido, compondo odes cívicas e sonetos humorísticos, nos quais mestres e colegas eram satirizados. Em 1906, no Rio de Janeiro, formou-se engenheiro civil, pela Escola Nacional de Engenharia. Começou a trabalhar como jornalista em 1902, colaborando na revista humorística Tagarela. Colaborou também nos principais órgãos da imprensa carioca como: A NoiteGazeta de NotíciasA Rua,CaretaO Malho. Em 1906, escreveu a peça Maxixe, em parceria com Batista Coelho. No carnaval deste mesmo ano fez sucesso com a música “Vem cá mulata” em parceria com Arquimedes de Oliveira. No jornalCorreio da Manhã, sob o pseudônimo de Cyrano e Cia, escreveu diariamente na seção “Pingos e Respingos”. Durante 53 anos, escreveu neste jornal, fatos pitorescos sobre o dia a dia do Rio e acontecimentos políticos, sempre com humor sadio. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais-SBAT, em 1917. Como publicitário fez propaganda para o Rhum Creosotado, cujos versos apareciam nos bondes da cidade. Existem controvérsias em relação a autoria destes versos, alguns atribuem a Olavo Bilac, porém o mais aceitável é que Bastos Tigre tenha sido realmente o seu autor:



Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo faceiro
Que o senhor tem a seu lado
No entanto, acredite.
Quase morreu de bronquite:
Salvou-o o Rhum Creosotado.

Em 1934, em parceria com Ary Barroso (1903-1968), escreveu “Chopp em garrafa”, gravado por Orlando Silva (1915-1968), cuja carreira de cantor estava iniciando. Criou também o slogan da Bayer, que ficou conhecido no Brasil: “Se é Bayer é bom”. Exerceu a profissão de bibliotecário durante 40 anos. Trabalhou na Biblioteca Nacional, Museu Nacional, na Biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa e Biblioteca Central da Universidade do Brasil. Em homenagem ao seu nascimento, o dia 12 de março foi escolhido como o dia do Bibliotecário. É autor de uma extensa obra literária.




Definição


Amor é mal, e mal que não tem cura,
Mas, sendo mal, soffrel-o nos faz bem.
Chora o amante, se o amor lhe dá ventura.
E ri da dôr, se delle a dôr lhe vem.


O amor é vida e lava á sepultura;
É doce filtro, o amor, e fél contem.
É luz, mas entretanto, em noite escura
Vive, ás cegas, o alguem que ama outro alguem.


O amor é cego, e vê todo o invisivel;
Sendo immutavel, quasi sempre é vario,
É Deus, e faz de um santo um peccador!


Fraco e indefeso, é força irresistivel;
Sendo, pois, a si próprio tão contrario,
Quem è que póde definir o amor?


Em: Senhorita X!… :revista mensal, social e illustrada, anno 1, n.3, dez.1932.



Parceiros