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Primeira: a revista por excellencia

por Maria Ione Caser da Costa
Nas primeiras décadas do século vinte, mais precisamente no dia 25 de julho de 1927 no Rio de Janeiro, era lançada uma nova publicação, que recebeu o título de Primeira: a revista por excellencia. Foi propriedade da Comp. Nacional de Artes Graphicas.

O diretor responsável foi Adolpho Aisen (1904-1991), que contava com a colaboração dos também diretores Ubirajara de Alencar e Elias Davidovich (1908-1998). A redação, administração e as oficinas estavam localizadas no número 153 da rua da Conceição. Aisen permaneceu até o número 35, quando se despede para “tratar de negócios outros, particulares, que ha muito me chamam”. Continua sua despedida informando que deixava a revista “a cargo do prezado collega e antigo companheiro de direção A. F. da Costa Junior, que saberá, certamente, continuar e desenvolver o programma traçado e seguido fielmente até agora”

Adolpho Aisem, alguns anos mais tarde, passou a ser considerado “o pai dos quadrinhos no Brasil”, tendo iniciado a publicação de histórias em quadrinhos em 1934, no jornal A Nação. Em 1945 fundou a Editora Brasil-América (EBAL).

A primeira página do exemplar de lançamento de Primeira, apresentou o seguinte texto, que recebeu o título de “O nosso programma”, acompanhado, ao final, das assinaturas dos dois diretores:

 
O ponto capital do programma de PRIMEIRA – a revista por excellencia -, é precisamente não se afastar um passo que seja de seu programma prefixado.

Quanto a este, basta ao leitor folhear o presente numero, para conhece-lo em todos os seus detalhes, os numeros que se lhe seguirem, serão fielmente pautados por elle.

O programa prefixado citado no editorial, aparece na publicação, grafado na vertical, acompanhando o espaço à direita da lombada, com o seguinte texto:

 
PRIMEIRA, a revista por excellencia, é a primeira e unica revista no Brasil, nos moldes dos celebres MAGAZINES inglezes e americanos. Contém 112 paginas exclusivamente de leitura emocionante e variada, tal como: contos romanticos, historias de fino humorismo e novellas policiaes, traduzidas especialmente dos mais afamados CONTEURS estrangeiros, afóra a collaboração original de escriptores patricios.

Primeira, além dos contos e das histórias de diversos autores, se ocupava de traduções de contos russos, norte americanos, resenhas e artigos publicados em outros periódicos ou em opúsculos. Observa-se que, com a publicação de narrativas curtas, os editores podiam, em um pequeno espaço, publicar artigos que traziam efeitos morais, atraindo assim, um público consumidor diferenciado.

Todos os contos apresentam uma ilustração em preto e branco. As capas (primeiras e últimas) são coloridas, com desenhos assinados por Ehlert.

A publicação “aparece á venda regularmente nos dias 10 e 25 de cada mez, e é vendida tanto nesta capital como no interior do paiz”. O número avulso foi vendido por 1$500 réis e os números atrasados, por 2$000 réis. A assinatura anual valia 35$000 tanto para a capital quanto para os estados.

Primeira aceitava anúncios para serem publicados, e os valores cobrados variavam, de acordo com o tamanho e local escolhido, que poderia ser: nas últimas páginas, nas páginas internas, em página inteira, meia página ou ¼ de página.

Além dos pontos de venda de jornais, a revista podia ser também adquirida nas seguintes livrarias: Agencia Braz Lauria, Livraria Moura, Soria & Boffoni e Livraria Leite Ribeiro.

A coleção de Primeira, preservada no acervo da Biblioteca Nacional, é composta pelos fascículos 1 até o 42, que saiu publicado no dia 10 de abril de 1929. Uma única falha é o exemplar de número 8. Infelizmente a coleção ainda não foi digitalizada. Para ter acesso, é necessário comparecer presencialmente à Coordenação de Publicações Seriadas da BN.

A seguir alguns títulos publicados no número de lançamento: “Sonho de opio” de Reynaldo Gama, “O Modelo milionário” de Oscar Wilde (1854-1900), “Ladrões” de G. A. Borgese (Giusepe Antonio 1882-1952), “O quadro” de Jerome K. Jerome (1859-1927) e “O tio alegria” de Lucien Descaves” (1861-1949).

O primeiro exemplar anuncia ao público leitor que não poderia deixar de dedicar uma página à poesia. “Assim sendo, resolvemos offerecer aos nossos leitores uma primorosa collectanea dos mais bellos versos até hoje feitos”. A nota continua informando que cada número da revista virá acompanhado de um suplemento em cores, e em papel especial. Infelizmente essa coletânea, em suplemento, não acompanha a coleção da revista preservada na BN.

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