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Américo Falcão

por Maria do Sameiro Fangueiro


Américo Augusto de Sousa Falcão, nasceu na Praia de Lucena pertencente ao município de Santa Rita (PB), em 11 de fevereiro de 1880, vindo a falecer na capital João Pessoa, em 09 de abril de 1942. Advogado, jornalista e poeta. Seus pais chamavam-se Mariano de Souza Falcão e Deolinda Zeferina de Carvalho Falcão. Seus primeiros estudos foram feitos em João Pessoa. Em 1908, ingressou na Faculdade de Direito do Recife.

Casou-se duas vezes, a primeira vez foi com Maria Eugênia de Alencar com quem teve uma filha. Ao ficar viúvo, contraiu novo matrimonio desta vez com Elvira Natália Fernandes com a qual teve mais quatro filhos.

Publicou seu primeiro livro com o titulo de Auras Parahybanas, cuja data não foi possível identificar. Em 1914, escreveu Náufragos, editado pela Linotypo/Imprensa Oficial. Em 1924, publicou Praias, e Visões de Outrora. Rosa de Alençon surge em 1928, e, Soluços de Realejo publicado em 1934, produzida pela Editora Cidade de João Pessoa.

Colaborou com vários jornais de sua época dentre os quais, A União no qual atuou como redator, e Era Nova, de 1921, sempre em publicações paraibanas. Assumiu a direção da Biblioteca Pública do Estado da Paraíba, sua competência e dedicação nesta casa de cultura e saber.

A Academia Paraibana de Letras, instituição fundada em 14 de setembro de 1941, homenageou-o como patrono da cadeira de n.38. Em 2015, o diretor e roteirista paraibano Alex Santos retratou sua vida e sua obra em um curta-metragem intitulado Américo – falcão peregrino, no qual reconstrói a época, um tempo vivido por Américo Falcão.


Impiedade

Vespera de Natal. Na minha aldeia.
Muito cedo... manhã. Lindo novilho
Muge preso a um coqueiro, e esparge o brilho
Do seu supplice olhar que magua encerra!

Seguindo a róta de invisível trilho,
O seu mugido nos espaços erra...
Vai aos ermos nataes, ao pé da Serra,
Deixar o adeus de abandonado filho...

Chega o carrasco a amaciar-lhe o pêllo
Numa falsa caricia.., é a morte agora,
Em torno ri-se a multidão de gelo!

E friamente assassinado e exangue,
Numa eclosão de dor, como quem chora,
Cae sereno a beijar o próprio sangue !


II

Homens aproximae-vos da verdade !
Apagae a illusão que vos engana...
E’ misera e mesquinha a humanidade,
Somos as féras da Floresta Humana !

Vistes uma alma perfida e tyranna,
Onde não fulge um traço de piedade
Sangrar n’uma frieza deshumana,
Nédio novilho em plena mocidade !

Como sarcasmo a tudo também vistes,
Chegarem, depois de horas decorridas,
Bois em lamentos íntimos e tristes...

Foram deixar a lagrima pungente,
Num circulo de areias embebidas,
Pelo sangue da victima innocente!


Em: Menina, anno 1,n.17, ago.1932

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