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Goulart de Andrade

por Maria do Sameiro Fangueiro

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José Maria Goulart de Andrade nasceu em Maceió, em 6 de abril de 1881, e morreu no Rio de Janeiro, em 19 de dezembro de 1936, filho de Manuel Cândido Rocha de Andrade e Leopoldina Pimentel Goulart de Andrade. Jornalista, engenheiro, geógrafo, poeta, cronista, romancista e teatrólogo, fez em Maceió os cursos primário e secundário. Foi, com 16 anos, para o Rio de Janeiro, onde ingressou em um curso preparatório da Escola Naval. Mais tarde deixou a Escola Naval, indo matricular-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde se formou como engenheiro em 1906. Seu desejo, porém, era ser um homem dedicado às letras.


Vinculou-se a um grupo de poetas, entre os quais Guimarães Passos, Olavo Bilac, Emílio de Menezes e Martins Fontes. Seus poemas são considerados formas poéticas complexas, incluindo o rondó, o vilancete, a balada e, sobretudo o canto real – gêneros líricos. Como jornalista foi redator de O Imparcial, onde conviveu com João Ribeiro, Humberto de Campos e Augusto de Lima, escritores e colaboradores deste jornal. Escreveu inúmeros trabalhos na Revista da Academia Brasileira de Letras. De sua obra destacamos Assunção, romance produzido em 1913, publicado anteriormente pelo Correio da Manhã, Poesias de 1917 (2 volumes), e Ocaso de 1934. Peças teatrais comoOs Inconfidentes e Numa nuvem (1909), Um dia a casa cai, comédia e Contos do Brasil novo (1923). Foi eleito, em 22 de maio de 1915, para a Academia Brasileira de Letras, cadeira número 6, cujo patrono é Casimiro de Abreu.




A Inveja


De unhas pretas, de olhar absconso e bocca hedionda
Procura a escuridão de corrupta pousada,
Que em detrictos lethaes e immundiciais aronda,
A torpe inveja, mãe do crime e da cilada.


Quando tudo adormece a satânica ronda
Começa: e suja a flor, deixa a lympha turbada,
Contra os astros impreca os ninhos esbarronda
E golfa espuma e atira a baba empeçonhada.


Onde quer que repouze a turva e má pupila
Amizades destróe e a concordia aniquila:
Nem ha bem que não mate e mal que não aborde!


De demencia tomada e de cólera extrema,
Escabuja e se fere, urra, grita, blasphema,
Como serpe que em raiva a propria calda morde.


Em: A Evolução litteraria, ano 1, n. 1, abr. [1911].



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