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Francisca Júlia da Silva

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Francisca Júlia da Silva Münster nasceu em Xiririca, atual Eldorado, SP, em 31 de agosto de 1871 e morreu em São Paulo, SP, em 1 de novembro de 1920, filha de Miguel Luso da Silva e de Cecília Isabel da Silva, e irmã do poeta Júlio César da Silva. Começou bem jovem sua carreira literária escrevendo sonetos para o Estado de S. Paulo, em 1891. Entre 1892 e 1895 escreveu para o Correio Paulistano. Além destes escreveu também para periódicos do Rio de Janeiro, como O Álbum, mantido por Arthur Azevedo, e A Semana, dirigido por Valentim Magalhães.


Em 1895, lançou seu primeiro livro de poesias intitulado Mármores, com prefácio do filólogo e historiador João Ribeiro. Este livro foi de grande sucesso em todo o país, recebendo críticas consagradoras de Olavo Bilac e Araripe Júnior. Alguns críticos consideraram-na, em sua época, a maior poetisa da língua portuguesa. O livro da infância, coletânea de pequenos textos narrativos em prosa e verso, escrito em 1899, foi prefaciado pelo seu irmão Júlio César da Silva e publicado pelo Governo de São Paulo. Este livro foi adotado por escolas públicas e particulares. Foi cofundadora da revista Educação em 1902. Em 1903, lançou novo livro de poesias intitulado Esfinges, prefaciado mais uma vez pelo seu admirador João Ribeiro. Em 1909, casou com Filadelfo Edmundo Münster, telegrafista da Central do Brasil. Durante alguns anos afastou-se da vida literária dedicando-se exclusivamente ao lar. Em 1912, lançaAlma infantil, coletânea de poesias, em coautoria com seu irmão Júlio César da Silva. Em 1915, voltou a publicar sonetos na revista A Cigarra.


Aos 46 anos, foi homenageada por poetas seus admiradores, que ofereceram um busto seu, em bronze, para a Academia Brasileira de Letras. Teve seu trabalho publicado em várias revistas, como A Mensageira, Rua do Ouvidor, Kosmos, O Pirralho, A Época, Revista do Brasil,Revista da Semana, A Vida Moderna, Comércio de Campinas, Renascença.




Supremo


Os teus olhares feitos de carinho,
De Extrema-Uncção, de mysticos luares,
Têm na expressão, ó santa dos Altares,
A velludosa maciez do arminho.


E no doce brilhar – áureo caminho –
A profundeza intérmina dos mares…
Têm na expressão, ó Santa, os teus olhares
A velludosa maciez do arminho.


São puros como as Hóstias dos Sacrários,
têm o brilho divino de Stellarios,
quando me fitam numa uncção extrema.


São rútilos santelmos guiadores,
são as dhulias lithurgicas das dores,
da minha Crença immácula e suprema!


Em: Cenáculo, ano 1, fasc. 3, ago. 1900.



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