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Carmem Dolores

por Maria do Sameiro Fangueiro
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Emília Moncorvo Bandeira de Melo nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de março de 1852, e morreu em 13 de agosto de 1911. Jornalista, romancista, contista e dramaturga, ela se dedicou também à poesia e à crítica. Colaborou em jornais e revistas, entre as quais A Vida Elegante. Usava o pseudônimo Júlio de Castro para escrever contos em O Paiz, jornal de maior tiragem da América do Sul, na época. Como Leonel Sampaio escrevia artigos de crítica literária. No jornal Étoile de Sud, assinava como Célia Márcia, mas foi como Carmem Dolores que se destacou e que durante cinco anos, de 1905 a 1910, assinou suas crônicas na coluna dominical A Semana, na primeira página de O Paiz. Publicou, em 1897, o livro de contos Gradações. Em 1910, lançou Ao esvoaçar da ideia, reunião de crônicas. Publicou Lendas brasileiras, uma coleção de 27 contos para crianças. Recebeu homenagem póstuma em 1934, com a publicação de Almas complexas.


Coube a ela escrever o editorial do primeiro número da revist A vida elegante, do qual os três primeiros parágrafos vão transcritos em seguida.

Chroniqueta


À primeira vista, o lindo título d’este novo jornal de roseo programma parecerá frívolo, mordorada bôlha de sabão a scintillar aos raios do sol mundano, que illumina a parte mais favorecida e portanto mais animada e feliz da nossa população.

A Vida Elegante! Senhoras de face franzida e cavalheiros de juntas rheumaticas, unidos pela telepathia da saudade de um outr’ora já distante, perguntarão o que isso é, trocando idéas consternadas.

A Vida Elegante! Um jornal que deseja consagrar-se muito especialmente ao bello sexo, ao smartismo á poesia, á musica, ás modas! Devéras, a solemne gravidade dos vestidos de seda preta e das sobrecasacas de vêr a Deus, nos domingos, estremece e geme, lamentando essa tendencia para o brilho e o ephemero, para a linha que seduz, para a nota que arrasta e para a silhueta que conquista, que, de certo tempo para cá, vem transformando a feição primitiva e carrancuda, toda seriedade acaciana, de nossa antiga capital.
(...)

Em: A Vida Elegante – o Jornal das Senhoras, anno 1, n. 1, Rio de Janeiro: 13 de março de 1909. luta.

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