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O Porvir: periodico critico e litterario

por Maria Ione Caser da Costa
O Porvir: periodico critico e litterario, lançado em 15 de abril de 1882 no Rio de Janeiro, teve periodicidade quinzenal e foi impresso pela Typographia Hildebrandt, que estava localizada na rua da Ajuda, nº 31. Os números 2 e 3 foram impressos pela Typographia do Progresso, na rua do General Camara, 152.

Publicação de estrutura simples, apresenta alguns erros na colocação dos tipos na prensa, talvez por falta de experiência dos editores, mas que em nada prejudicam a leitura dos artigos.

A coleção preservada na Biblioteca Nacional conta apenas com os três primeiros exemplares, o primeiro, descrito acima e os número 2 e 3. O segundo, publicado no dia 30 de abril de 1882, e o terceiro possivelmente em meados de maio, já que a periodicidade de O Porvir era quinzenal, entretanto a data, descrita ao alto da capa, está deteriorada, não permitindo a leitura. Os exemplares podem ser consultados na Hemeroteca Digital.

Nos fascículos pesquisados não aparece o nome do responsável pela publicação. O editorial não é assinado, apenas indica que os editores são abnegados e estudiosos que presam o trabalho que iniciaram. Eis um excerto do editorial:

Surgimos do seio da infancia e vimos tambem depositar o nosso modesto bouquet sobre a meza em torno a qual se banqueteiam os esforçados campeões do jornalismo que têm por divisa a palavra que se acha inscripta em seu airoso estandarte e em cada canto do mundo, desde a culta Europa até os confins da Oceania, “o progresso.” [...]
Fazemos um apelo ao publico e aos nossos collegas.
Ao publico em geral pedimos a sua protecção, que contribua para a nossa sustentação, que nos seja pai, a nós que estamos na aurora da vida intellectual.
Aos nossos collegas offerecemos as nossas columnas e pedimos a contribuição de seus talentos, que illustrem as nossas linhas com as producções de seus intellectos, que concorrão com seus arados para lavrarmos este terreno inculto.
 Medindo 17cm X 13cm, em seu formato original, e com algumas folhas bastante deterioradas, O Porvir publicou em suas páginas folhetim, contos, piadas, poesias, charadas, enigmas, logogrifo, dentre outras variedades.

As assinaturas de O Porvir valiam 300 réis a mensal e 1.000 réis a trimestral. Não apresentou o valor cobrado para venda do exemplar avulso. Os pedidos de assinatura e reclamações deveriam ser endereçados para a tipografia.

Alguns colaboradores de O Porvir assinaram seus textos com pseudônimos ou com as iniciais. Izaac d’Avilez, J. A. de Carvalho, Biloca, O. S., Xandico, C. C. e Cecilia Ravieri foram alguns deles.

O poema a seguir, retirado das páginas de O Porvir é o soneto “Esboço”, de Izaac d’Avilez. Foi publicado na última página do primeiro exemplar, mas com uma particularidade: para aproveitar o espaço existente ou talvez por não ter espaço suficiente para reproduzir o poema com os tipos móveis no sentido horizontal, ele foi reproduzido verticalmente.

Esboço

- Adeus... Adeus... não partas... inda é cedo.
Em nome do nosso amor espera um pouco
- Pois tu queres, Sinhá, que eu fique louco
- Oh! deixa-me partir, Senhor, que enredo!

- Fallemos no nosso amor... – Eu tenho medo...
- Medo de que?!... espera mais um pouco...
- Não posso já te disse... eu fico louco!
- Mas então me revela o teu segredo!...

- Mais deixa-me partir... ouve... outro dia
Meu mestre prometteu-me que daria
Se eu não soubesse... olha... amanhã

Deixa-me... que vergonha... – fica... eu sou tua
- Tenho medo dos bolos... e da cafúa
Não sei o – hora, horae p’ra amanhã!...

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