Periódicos & Literatura
< Voltar para DossiêsA Camelia: semanario dedicado ao BELLO SEXO
por Maria Ione Caser da Costa
A Camelia: semanario dedicado ao BELLO SEXO, foi um periódico editado em Mar de Hespanha, cidade de Minas Gerais, no ano de 1898. A cidade está localizada na Zona da Mata Mineira e sua grafia atual é Mar de Espanha.
No acervo da Biblioteca Nacional existe apenas um fascículo, o número 8, que saiu publicado no dia 15 de setembro de 1898 e pode ser consultado na Hemeroteca Digital. Possui quatro páginas, divididas em duas colunas, separadas por um fio simples. Apresenta ilustrações e alguns arabescos separando os assuntos. Foi impresso nas oficinas da Gazeta Municipal.
O expediente informa que a publicação era propriedade de Horácio Frade & Gil, sendo publicado às quintas-feiras. A assinatura trimestral valia 1$500. Aristoteles Coelho era o agente, e o escritório da redação estava localizado na rua do Commercio.
De acordo com o subtítulo, o semanário foi dedicado ao “belo sexo”, palavras que seus editores diagramaram em caixa alta, numa referência ao sexo feminino.
A imprensa teve um papel importante, permitindo que a população adquirisse consciência dos fatos ocorridos. O final do século XIX foi marcado por vários acontecimentos que influenciaram no cotidiano do país. A abolição da escravatura, que ajudou a romper com a monarquia, e a Proclamação da República, marcaram o período, propiciando o surgimento de vários periódicos.
Nesse período floresceram também periódicos dedicados às leitoras mulheres, embora se saiba que uma parcela desta população era analfabeta, e que muitas delas não tinham permissão para estudar. Dos periódicos ditos femininos lançados, uns poucos foram efetivamente editados por mulheres. Os homens, em sua maioria, eram os responsáveis pelas publicações, e as dedicavam às leitoras.
Nas páginas dois e três, do exemplar de A Camelia, sob o título “Álbum de Ouro”, está a lista com os nomes das pessoas que se inscreveram, “pagando suas assignaturas, as exmas. senhoras, e distinctos cavalheiros”. Observa-se que estão relacionados como assinantes, homens e mulheres.
A Camélia publicou poemas, anedotas, notícias sobre pessoas enfermas, casamentos e os nascimentos que aconteciam na cidade. Alguns artigos apresentam autoria. Ophelia de Schelomith e T. Ribeiro Junior são nomes que aparecem como colaboradores. Os poemas são publicados por alguém que assina somente com a letra D..... (seguida do pontilhado). A seguir um de seus poemas:
Aos noivos
As belas desta cidade
Vão tendo muita dexstracção;
Bastando um simples pedido
E está feita a união.
Os rapazes já cançados
Da vidinha de solteiros
Não querem que o povo diga
Que são simples azeiteiros.
Assim cada um se chega
Aos pès de sua bela
E, passados poucos dias,
Está cahido na esparrela.
Avante rapazes, avante;
E se casem muito breve,
Pois quer ter parte na festa
Quem estes versos escreve.
Um conselho agora dou
E de graça o aceite,
Que todo o pae de familia
Não consinta muito azeite.
No acervo da Biblioteca Nacional existe apenas um fascículo, o número 8, que saiu publicado no dia 15 de setembro de 1898 e pode ser consultado na Hemeroteca Digital. Possui quatro páginas, divididas em duas colunas, separadas por um fio simples. Apresenta ilustrações e alguns arabescos separando os assuntos. Foi impresso nas oficinas da Gazeta Municipal.
O expediente informa que a publicação era propriedade de Horácio Frade & Gil, sendo publicado às quintas-feiras. A assinatura trimestral valia 1$500. Aristoteles Coelho era o agente, e o escritório da redação estava localizado na rua do Commercio.
De acordo com o subtítulo, o semanário foi dedicado ao “belo sexo”, palavras que seus editores diagramaram em caixa alta, numa referência ao sexo feminino.
A imprensa teve um papel importante, permitindo que a população adquirisse consciência dos fatos ocorridos. O final do século XIX foi marcado por vários acontecimentos que influenciaram no cotidiano do país. A abolição da escravatura, que ajudou a romper com a monarquia, e a Proclamação da República, marcaram o período, propiciando o surgimento de vários periódicos.
Nesse período floresceram também periódicos dedicados às leitoras mulheres, embora se saiba que uma parcela desta população era analfabeta, e que muitas delas não tinham permissão para estudar. Dos periódicos ditos femininos lançados, uns poucos foram efetivamente editados por mulheres. Os homens, em sua maioria, eram os responsáveis pelas publicações, e as dedicavam às leitoras.
Nas páginas dois e três, do exemplar de A Camelia, sob o título “Álbum de Ouro”, está a lista com os nomes das pessoas que se inscreveram, “pagando suas assignaturas, as exmas. senhoras, e distinctos cavalheiros”. Observa-se que estão relacionados como assinantes, homens e mulheres.
A Camélia publicou poemas, anedotas, notícias sobre pessoas enfermas, casamentos e os nascimentos que aconteciam na cidade. Alguns artigos apresentam autoria. Ophelia de Schelomith e T. Ribeiro Junior são nomes que aparecem como colaboradores. Os poemas são publicados por alguém que assina somente com a letra D..... (seguida do pontilhado). A seguir um de seus poemas:
Aos noivos
As belas desta cidade
Vão tendo muita dexstracção;
Bastando um simples pedido
E está feita a união.
Os rapazes já cançados
Da vidinha de solteiros
Não querem que o povo diga
Que são simples azeiteiros.
Assim cada um se chega
Aos pès de sua bela
E, passados poucos dias,
Está cahido na esparrela.
Avante rapazes, avante;
E se casem muito breve,
Pois quer ter parte na festa
Quem estes versos escreve.
Um conselho agora dou
E de graça o aceite,
Que todo o pae de familia
Não consinta muito azeite.