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Tasso da Silveira

por Maria do Sameiro Fangueiro
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Tasso Azevedo da Silveira nasceu em Curitiba em 1895, e morreu no Rio de Janeiro em 1968. Foi professor, político, advogado e escritor. Filho de Manuel Azevedo da Silveira Neto (1872-1942), igualmente escritor e poeta. Em 1818, torna-se bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais,  no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, vê seu primeiro livro de poesias, ser publicado com o titulo, Fio d’Água.


Exerceu várias atividades no campo das letras. Fundador e diretor das revistas Os Novos, Árvore Nova, de 1922 e 1923, com Rocha de Andrade, e Terra de Sol, com Álvaro Pinto (1889-1946), esta datada de 1924. Com Andrade Muricy (1895-1984), redigiu América Latina – revista de arte e pensamento, que circulou no Rio de Janeiro no período de agosto de 1919 até fevereiro de 1920, e a revista Festa que circulou entre 1927 e 1928, na segunda fase do modernismo brasileiro, com 12 números, e de 1934 a 1935 com 9 números. Com Rui de Arruda (1910-1982), Cadernos da Hora Presente.


Colaborou nos jornais O Momento, Rio-Jornal, A Manhã e na Revista Sul-Americana. Apesar de todas estas atividades, ainda encontrou espaço no seu cotidiano para se eleger deputado estadual, em 1930, em sua cidade natal. Além de todas essas atividades, projetou-se também como professor catedrático de Literatura Portuguesa pela Universidade Católica e de Literatura Brasileira lecionando no Instituto Santa Úrsula, no Rio de Janeiro.


 De sua obra realçamos os seguintes títulos: Fio d’água (1918), A alma heróica dos homens (1924), Alegorias do homem novo (1926), As imagens acesas (1926), O canto absoluto (1940), Cantos do campo de batalha (1945), Contemplação do eterno (1952), Puro canto (antologia, 1956), Regresso à origem (1960), Poemas de antes (1966).


Foi homenageado em 1956, pela Academia Brasileira de Letras com o prêmio Machado de Assis, pelo total de sua obra. A seguir dois poemas de sua autoria.


 

Oração


Minha oração de graças
Pela pobreza em que nasci,
Pela humildade que me alimentou,
Pelas profundas dores interiores
Que me criptalyzaram
Como uma rocha de granito
Em serena pyramide
“como o vértice em demanda do infinito”
E, fecundos, fizeram
Que eu seja a força que se não despena,
O ímpeto heróico em direcção de um Fim...

Minha oração de graças
Pelas obscuras vidas dolorosas
Que se queimaram
E se olvidaram no tremendo sacrifício
Para que eu recebesse em minha alma dorida
A semente da inquietação maravilhosa
E me curvasse
Sobre o meu próprio espírito sequioso
E interrogasse, ansiando, o mysterio da vida!

Minha oração de graças
Pela hora reveladora
Em que, do fundo de mim mesmo, espírito o dos meus sentidos
E do silencio das coisas todas,
Me chegou como em benção
A voz de Deus...

Em: Illustração paranaense, anno ,n.2, 1930

Duetto final
_ Tão abatida! Coitadinha...
São duas horas... _ E o doutor?
Não chega nunca! _ Disse que vinha...
_ Filha! _ Filhinha... meu amor...
Calou-se! _ Ainda pouco gemia...
_ Que agitação! _ Tem falta de ar...

(Lá-fora, a noite é uma agonia...
Lá fora, a noite, fria, fria,
. e as coisas todas a sonhar...)

Acho-a peior! A febre augmenta!
_ Põe o thermometro... _ Ergue-a... Assim...
Prompto! _ Baixou? _ Quase quarenta!
Oh! esta noite não tem fim!
Nossa senhora, olhae por ella!

(Lá-fora o céu todo se estrélla...
Ha solidão... silencio... luar...)

_ Nossa Senhora! levo uma vela
P’rá minha filha se curar!...

Em: Árvore nova, anno 1, n.3, out. 1922

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