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Raimundo Correia

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Raimundo da Mota de Azevedo Correia nasceu a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado nas costas do Maranhão, no dia 13 de maio de 1859, e morreu em Paris, em 13 de setembro de 1911. Filho do desembargador José da Mota de Azevedo Correia e de Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Correia, foi com sua família para o Rio de Janeiro, sendo matriculado no Internato do Colégio Nacional, hoje Pedro II, concluindo seus estudos em 1876. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde conheceu Raul Pompéia, Affonso Celso, Valentim Magalhães, Eduardo Prado e Silva Jardim, que mais tarde iriam se destacar na política, no jornalismo e na literatura.


Sua primeira publicação, de 1879, foi o livro de poemas Primeiros sonhos. Em 1883, publicou seu segundo livro, intitulado Sinfonias, onde está um dos poemas mais conhecidos da língua portuguesa intitulado “As pombas”, o que lhe valeu o cognome de o “Poetas das pombas”. Este livro foi prefaciado por Machado de Assis.


Membro fundador da cadeira número 5, da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Bernardo Guimarães, iniciou sua carreia no romantismo, depois adotou o parnasianismo e, em alguns poemas, o simbolismo. Outros livros seus são Versos e versões (1887), Aleluias (1891) e Poesias (1898). Colaborou com periódicos, tais como, O Vassourense, do poeta e humanista Lucindo Filho, Gazetinha, de Artur Azevedo, Semana, de Valentim Magalhães, Almanaque Garnier e Revista da Academia Brasileira de Letras. Formou com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac a famosa Tríade Parnasiana.


No cenário político, foi secretário da presidência da Província do Rio de Janeiro, juiz de direito em São Gonçalo do Sapucaí, MG, e diretor da Secretaria de Finanças de Ouro Preto. Trabalhou como segundo secretário da Legação do Brasil, em Portugal, onde editou seu livro Poesias, em quatro edições sucessivas e aumentadas, com prefácio do escritor português João da Câmara.




Noivado no sertão


É noite! O céo arreia-se de estrellas
A terra a illuminar;
Por entre as ramas da taquara verde
Peneira-se o luar!


Enche os ares o aroma, que transpiram
As flores da mangueira!
Dos sertanejos os semblantes brilham
Ao lume da fogueira!


Junto ao fogo phantasticas historias
Um velho está contando
Aquelles, que o escutam, as espigas
De milho debulhando!


A meza do banquete está repleta
No meio da folhagem,
E a toalha de rendas lá se agita
Aos ósculos da aragem!



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