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Emilio de Meneses

por Maria do Sameiro Fangueiro
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Emílio Nunes Correia de Meneses nasceu em Curitiba em 04 de julho de 1866, e morreu em 06 de junho de 1918. Foi jornalista e poeta. Filho do também poeta Emílio Nunes Correia de Menezes e de Maria Emília Correia de Menezes. Seus primeiros estudos foram feitos com o mestre João Batista Brandão Proença (1813?-18  ?), “professor de primeiras letras,”e autor do primeiro hino do estado do Paraná, em 1853, como consta na obra Símbolos. Brasil, Paraná e Curitiba. Posteriormente, Emilio completou seus estudos no Instituto Paranaense.


Proveniente de família humilde, Emilio, cedo começou a trabalhar, nessa época tinha entre 13 e 14 anos. Entretanto aos 18 anos, veio morar no Rio de Janeiro. Aqui, fez novas amizades entre boêmios e intelectuais, chamando a atenção pelo seu jeito irreverente e bonachão de viver. Foi nessa época que conheceu Antonio Álvares Pereira Coruja (1806-1889), político e educador, e futuramente seu sogro. Este fez com que Emílio ingressasse na vida intelectual da corte.  Casou-se em 1888, com Maria Carlota Coruja. No ano seguinte, muda-se com a família para Paranaguá, PR, onde trabalha como escriturário. Insatisfeito, volta para o Rio de janeiro, em 1890.


A obra de Emílio de Meneses viaja entre o satírico com versos irônicos e jocosos, e o austero, onde faz questionamentos sobre a morte, e a vida depois da morte. Com base nestas reflexões, compõe seu primeiro livro de versos, Marcha Fúnebre, publicado em 1893. Outros poemas, sobre o mesmo tema, são: Poemas da morte, de 1901,  Dies Irae-A tragédia do aquidabã, publicado em O Malho, no ano de 1906, e em 1917, Últimas rimas. Foi colaborador da revista O Pirralho.


Escrevia sob pseudônimos, e deste modo, “esmerava-se na publicação de poesias satíricas e ferinas”, segundo o Dicionário Biobibliográfico de Membros Academia Brasileira de Letras. Eis alguns pseudônimos usados: Neófito, Gastond’Argy, Gabriel de Anúncio, Cyrano & Cia., Emílio Pronto da Silva. Na Seção “Pingos e Respingos” do Correio da Manhã, usava o nome de Cyrano & Cia.


Eleito em 1914, para Academia Brasileira de Letras, Emílio não obteve a aprovação de seu discurso pela diretoria da instituição. Era necessário que algumas emendas fossem feitas, o que não aconteceu, o que impossibilitou sua entrada na Academia. Após quatro anos, mais uma vez foi indicado para tomar posse, entretanto já doente, viu mais uma vez impossibilitado de ser empossado. Ocuparia a cadeira de n. 20, cujo patrono é Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)


Meu caro Silva Araujo,


Julio forte, alegre e nédio,


Eu de tão LIMPO, ando sujo,


Por causa de um tal remédio.


Ahi tenho uma receita


Que fica, por meus tormentos,


Depois da conta já feita,


Em treze mil e quinhentos...


Se algum credito mereço


Este fiado não disfarço,


Pagarei logo ao começo


Do próximo mez de Março.


O pedir-te me desgosta


Porém como de outras vezes


Sê bom mandando a resposta


Ao                 Emilio de Menezes.


Em :  Illustração paranaense . Anno 1,n.1,nov.1927

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