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Fagundes Varela

por Maria do Sameiro Fangueiro

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Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu Fazenda Santa Rita, município de Rio Claro, RJ, em 17 de agosto de 1841, e morreu em Niterói, RJ, em 18 de fevereiro de 1875. Filho de Emiliano Fagundes Varela e de Emília de Andrade, viveu na fazenda Santa Rita e na Vila de São João Marcos, onde seu pai era juiz. Morou algum tempo em Catalão, GO, onde conheceu o romancista e poeta Bernardo Guimarães, juiz municipal desta cidade.

Publicou seu primeiro artigo na Revista Dramática, em 1860, onde se colocava desfavorável ao teatro clássico e exaltava autores românticos. Em 1861, publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado Noturnas. Nesta mesma época, publicou em folhetim, no Correio Paulistano, a novela As ruínas da glória. Em 1862, matriculou-se na Faculdade de Direito, em São Paulo, porém não concluiu o curso. Casou-se aos 21 anos com a atriz circense Alice Guilhermina Luande, casamento que não foi aceito pelos familiares. Passou por problemas financeiros e, para agravar sua situação, perdeu seu primeiro filho, aos 3 meses de idade. Inspirado por este acontecimento compõe um dos mais belos poemas intitulado “Cântico do calvário”. Em 1866, morreu sua esposa. Em 1867, retornou a São Paulo, onde mais uma vez matriculou-se na Faculdade de Direito, porém, novamente, abandonou o curso. Voltou à casa paterna, em 1870, onde passou a compor suas obras. Seu segundo casamento foi com Maria Belisária de Brito Lambert. Com ela, teve três filhos, duas meninas e um menino, este também morreu prematuramente. Mudou-se para Niterói, RJ, com a família. Apesar dos infortúnios e dificuldades, nunca parou de escrever suas poesias e também não deixou de frequentar a vida noturna do Rio. É patrono da cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras. A poesia de Fagundes Varela revela uma profunda angústia e uma forte apelação religiosa e mística. Morreu prematuramente aos 34 anos, de apoplexia.



A cruz


Estrellas
Singelas,
Luzeiros
Fagueiros
Esplendidos orbes que o mundo aclarais,
Desertos e mares, florestas vivazes,
Montanhas audazes, que ao sol rastejas!
Campinas
Divinas!
Cavernas
Eternas!
Extensos,
Immensos
Espaços
Celestes!
Rochedos bravios!
Abysmos sombrios!
Ergastulos frios!
Internos terrestres!
Sepulchros e berços, mendigos e grandes!
Curvai-vos ao vulto sublime da cruz !
Só ella nos mostra da gloria o caminho,
Só ella nos falla das Leis de Jesus !


Em: Andorinha, ano 1, n. 1, jun. 1929.

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